Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 1

OPUSCULUM PRIMUM 

Ad laudem et gloriam Dei omnipotentis Patris et Filii et Spiritus Sancti. Amen. 
Incipit vita beatissimi patris nostri Francisci 

Caput I - Qualiter conversatus sit in habitu et animo saeculari.

1. 
1 Vir erat in civitate Assisi, quae in finibus vallis Spoletanae sita est, nomine Franciscus, qui a primaevo aetatis suae anno a parentibus secundum saeculi vanitatem nutritus est insolenter et ipsorum miseram vitam diu imitatus et mores, vanior ipse atque insolentior est effectus. 
2 Quoniam haec pessima consuetudo apud eos, qui christiano censentur nomine, sic undique inolevit et perniciosa doctrina haec, velut lege publica, ita ubique firmata est et praescripta, ut ab ipsis cunalibus remisse nimis et dissolute filios suos studeant educare. 
3 Primo namque cum fari vel balbutire incipiunt, turpia quaedam et exsecrabilia valde, signis et vocibus edocentur pueruli nondum nati: et cum tempus ablactationis advenerit, quaedam luxu et lascivia plena non solum fari sed et operari coguntur. 
4 Non audet aliquis illorum, aetatis timore coactus, honeste se gerere, quoniam ex hoc duris subiacet disciplinis. 
5 Ideo bene ait saecularis poëta: “Quia inter exercitationes parentum crevimus, ideo a pueritia nos omnia mala sequuntur”. 
6 Testimonium hoc verum est, cum eo inimiciora sint illis vota parentum, quo cessere felicius. 
7 Sed et cum paulo plusculum aetate profecerint, se ipsis impellentibus, semper ad deteriora opera dilabuntur. 
8 Ex vitiata namque radice arbor vitiosa succrescit, et quod semel male depravatum est, vix reduci potest ad regulam aequitatis. 
9 Cum vero adolescentiae portas coeperint introire, quales eos fieri arbitraris? 
10 Tunc profecto omni dissolutionis genere fluitantes, eo quod liceat eis explere omne quod libet, omni studio se tradunt flagitiis deservire. 
11 Sic enim voluntaria servitute servi effecti peccati, arma iniquitatis exponunt omnia membra sua, et nihil in se christianae religionis in vita seu in moribus praeferentes, solo christianitatis nomine se tuentur. 
12 Simulant miseri plerumque se nequiora fecisse quam fe-cerint, ne videantur abiectiores, quo innocentiores exsistunt.

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 1

PRIMEIRO LIVRO 

Para louvor e glória de Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo. Amém. 
Começa a vida do nosso beatíssimo pai Francisco.

Capítulo 1 - Como tinha conduta e mentalidade mundanas.

1. 
1 Vivia na cidade de Assis, na região do vale de Espoleto, um homem chamado Francisco. Desde os primeiros anos foi criado pelos pais com arrogância, ao sabor das vaidades do mundo. Imitou-lhes por muito tempo a via mesquinha e os costumes e tornou-se ainda mais arrogante e vaidoso. 
2 Esse péssimo costume difundiu-se por toda parte, entre os que se dizem cristãos, como se fosse lei pública, tão confirmada e preceituada em toda parte que procuram educar seus filhos desde o berço com muito relaxamento e dissolução. 
3 Apenas nascidas, mal começam a balbuciar e a falar, as crianças aprendem, por gestos e palavras, coisas vergonhosas e verdadeiramente abomináveis. Na idade de abandonarem o seio materno, são levadas não só a falar mas também a fazer coisas indecentes e lascivas. 
4 E nenhuma delas ousa, impressionada pelo temor da idade, comportar-se honestamente, pois isso as poderia expor a castigos severos. 
5 Bem disse o poeta pagão: “Como crescemos no meio dos hábitos de nossos pais, desde a infância acompanham-nos todos os males”. 
6 Este testemunho é bem verdadeiro, pois quanto mais perniciosa é para as crianças a condescendência dos pais, tanto mais elas se sentem felizes em lhes obedecer. 
7 Quando crescem mais um pouco, caem por si mesmas em práticas cada vez piores. 
8 Uma árvore de raízes más só pode ser má, e o que foi pervertido uma vez dificilmente poderá ser endireitado. 
9 Quando chegam às portas da adolescência, que poderão ser esses jovens? 
10 Então, no turbilhão de toda sorte de prazeres, sendo-lhes permitido fazer tudo que lhes apraz, entregam-se de corpo e alma aos vícios. 
11 Assim, escravos voluntários do pecado, fazem de todos os seus membros instrumentos de iniquidade. Sem nada conservar da religiosidade cristã em sua vida e em seus costumes, defendem-se apenas com o nome de cristãos. 
12 Esses infelizes muitas vezes até fingem ter feito coisas piores do que de fato fizeram, para não passarem por mais vis na medida em que são mais inocentes.