TEXTO ORIGINAL
100.
1 Quod ut inspiratum divinitus (cfr. 2Tim 3,16) et Christi Iesu voluntate operatum esse sciatur, longe ante beatus pater Franciscus hoc verbis praedixit et opere praesignavit.
2 Nam cum ordo et religio fratrum, divina gratia faciente, satis iam inciperet dilatari, et velut cedrus in paradiso Dei, in caelestibus (cfr. Ez 31,8; Ps 109,3) sanctorum attolleret verticem meritorum, et tamquam vinea electa (cfr. Ier 2,21) sacros produceret palmites in latitudinem orbis terrae (cfr. Ps 79,12; 17,20), sanctus Franciscus accessit ad dominum papam Honorium, qui Romanae tunc preerat Ecclesiae, supplici prece petens ab eo ut dominum Hugonem, episcopum Ostiensem, sui fratrumque suorum patrem et dominum ordinaret.
3 Annuit dominus papa precibus sancti, et benigne obtemperans, suam illi super ordinem fratrum contulit potestatem.
4 Quam ille reverenter et devote suscipiens, tamquam fidelis servus et prudens constitutus super familiam Domini, studebat modis omnibus cibum (cfr. Mat 24,45) aeternae vitae sibi commissis ministrare in tempore opportuno (cfr. Ps 144,15).
5 Propterea sanctus pater modis omnibus se subiciebat ei et miro ac reverenti eum venerabatur affectu.
6 Spiritu Dei ducebatur, quo repletus (cfr. Mat 4,1; Act 13,9) erat, et ideo longe ante intuebatur quod postmodum erat in oculis omnium (cfr. Is 52,10) sic futurum.
7 Nam quoties, familiaris religionis urgente causa vel potius charitate Christi (cfr. 2Cor 5,14) qua erga ipsum flagrabat cogente, scribere vellet ei, nequaquam acquiescebat ipsum in litteris suis vocari episcopum Ostiensem seu Velletrensem, sicut caeteri utebantur in salutationibus consuetis, sed, assumpta materia, sic aiebat: “Reverentissimo patri, sive domino Hugoni, totius mundi episcopo”.
8 Saepe namque benedictionibus inauditis salutabat eum, et licet esset devota subiectione filius, dictante tamen Spiritu, quandoque ipsum paterno consolabatur colloquio,
9 ut confortaret super eum benedictiones patrum, donec veniret desiderium collium aeternorum (cfr. Gen 49,26).
TEXTO TRADUZIDO
100.
1 Para que se saiba que isso foi feito por inspiração divina e pela vontade de Jesus Cristo, muito tempo antes o bem- aventurado pai São Francisco tinha predito o fato com palavras e dado um sinal visível.
2 No tempo em que a Ordem dos frades, pela graça de Deus, já tinha começado a se difundir bastante, e como um cedro no paraíso de Deus elevara-se até o céu pelos santos merecimentos, estendendo os ramos por toda a amplidão da terra como a vinha eleita, São Francisco dirigiu-se ao Papa Honório, que então governava a Igreja, e lhe suplicou que nomeasse o cardeal Hugolino, bispo de Óstia, como pai e senhor dele e de seus frades.
3 O Papa anuiu aos desejos do santo e delegou com bondade ao cardeal o seu poder sobre a Ordem dos frades.
4 Ele o recebeu com reverência e devoção, como um servo fiel e prudente constituído sobre a família do Senhor, e procurou por to dos os modos administrar no tempo oportuno o alimento da vida eterna aos que lhe tinham sido confiados.
5 Por isso o santo pai se submetia a ele de todos os modos e o venerava com admirável e respeitoso afeto.
6 Era conduzido pelo espírito de Deus, de que estava repleto, e por isso intuía muito antes o que depois seria revelado aos olhos de todos.
7 Sempre que lhe escrevia, por algum motivo urgente da Ordem ou pelo amor que em Cristo lhe dedicava, não se limitava a chamá-lo de bispo de Ostia ou de Veletri, como os outros faziam nas saudações de praxe, mas começava com estas palavras: “Ao reverendíssimo pai, o senhor Hugolino, bispo de todo o mundo”.
8 Saudava-o muitas vezes com bênçãos originais e, embora fosse filho devotamente submisso, por inspiração do Espírito Santo às vezes o consolava com uma conversa paternal, como “para cumulá-lo das bênçãos dos pais na espera do Desejado das colinas eternas” (cfr. Gen 49,26).