Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 34

 

Caput XIV - De reditu ipsius ab urbe Roma in vallem Spoletanam et de mora ipsius per viam.

34. 
1 Sanctus Franciscus cum fratribus suis, de munere ac gratia tanti patris et domini plurimum exsultans, gratias egit omnipotenti Deo (cfr. Act 27,35), qui ponit humiles in sublimi et moerentes erigit sospitate (Iob 5,11). 
2 Statim venit visitare limina beati Petri, et oratione completa, egressus ex Urbe, versus vallem Spoletanam iter arripiens, cum sociis est profectus. 
3 Conferebant ad invicem (cfr. Luc 24,17), dum sic irent, quanta et qualia eis clementissimus Deus dona contulerit: qualiter a vicario Christi, domino et patre universae christianae nationis, gratissime sunt recepti; 4 qualiter etiam monita et praecepta ipsius adimplere valerent; 
5 qualiter regulam quam susceperant possent sincere servare ac indeclinabiliter custodire; 
6 qualiter in omni sanctitate et religione coram Altissimo ambularent: 
7 qualiter denique vita et mores ipsorum, per incrementa sanctarum virtutum, forent proximis ad exemplum. 
8 Cumque novi Christi discipuli de huiusmodi sufficienter in schola humilitatis disputassent, dies multum ascendit et hora praeteriit. 
9 Pervenerant tunc ad desertum locum (cfr. Mat 14,15), nimium prae lassitudine itineris fatigati et esurientes refectionem aliquam invenire non poterant, eo quod locus ille ab hominum habitatione valde remotus erat. 
10 Statimque, divina gratia procurante, occurrit eis homo afferens in manu panem, deditque (cfr. Mar 14,13; 1Re 10,3-4) ipsis et abiit. 
11 Ipsi vero non cognoscentes eum, mirati sunt in cordibus suis (cfr. Ps 34,25), et ut magis de misericordia divina confiderent, devote alter alterum admonebat. 
12 Sumptoque cibo, et ex ipso non modicum confortati, venientes ad quemdam locum prope civitatem Ortensem, ibidem fere per dies quindecim sunt morati. 
13 Aliqui eorum intrantes civitatem acquirebant necessaria victus, et modicum illud acquirere poterant ostiatim, ad fratres alios deportantes, cum gratiarum actione et laetitia cordis (cfr. Act 24,3; Is 30,29), pariter manducabant. 
14 Si quid vero residuum erat, quoniam alicui dare non poterant, recondebant illud in quodam sepulchro, quod aliquando conservaverat corpora mortuorum, ut idem iterum manducarent. 
15 Locus ille desertus erat atque relictus, et aut rarorum, aut nullorum frequentabatur accessu.

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 34

 

Capítulo 14 - Como voltou de Roma para o vale de Espoleto e sobre uma pausa que fez no caminho.

34. 
1 Muito contentes com a bondade e generosidade do grande pai e senhor, Francisco e seus irmãos deram graças a Deus todo-poderoso, que exalta os humildes e conforta os aflitos (Jó 5,11). 
2 Foram logo visitar o túmulo de São Pedro e, terminada a oração, saíram de Roma e tomaram o caminho do vale de Espoleto. 
3 Durante a viagem, conversavam sobre tantos e tão grandes dons de Deus clementíssimo: como tinham sido cordialmente recebidos pelo vigário de Cristo, senhor e pai de todo o povo cristão; 
4 como poderiam pôr em prática suas admoestações e preceitos; 
5 como poderiam observar com sinceridade e guardar com firmeza a Regra que tinham recebido; 
6 como fariam para viver diante de Deus com toda santidade e religiosidade; 
7 como, finalmente, sua vida e costumes, pelo crescimento das virtudes, poderiam servir de exemplo para os outros. 
8 Mas, enquanto os novos discípulos de Cristo discutiam bastante sobre esses assuntos, como numa escola de humildade, o dia se adiantou e a hora passou. 
9 Chegaram a um lugar solitário, muito cansados, e, com fome, não conseguiram nada para comer, porque estavam longe de qualquer povoação. 
10 Subitamente, porém, por graça de Deus, encontraram um homem com um pão. Deu-lho e se foi. 
11 Como não o conheciam, ficaram profundamente admirados. Cheios de devoção, exortavam-se mutuamente a ter maior confiança na misericórdia de Deus. 
12 Reconfortados pelo alimento, chegaram a um lugar perto de Orte, e ali ficaram quase quinze dias. 
13 Para terem o que comer, alguns deles iam à cidade e levavam aos outros o pouco que podiam recolher, mendigando de porta em porta. Comiam juntos, cheios de alegria e dando graças. 
14 Se sobrava alguma coisa, não tendo ninguém a quem dar, guardavam-na em um sepulcro que já servira para guardar corpos de mortos, para comê-la depois. 
15 O lugar era deserto e abandonado e pouca gente, ou ninguém, passava por ali.