TEXTO ORIGINAL
101.
1 Nimio quoque amore dictus dominus erga sanctum virum flagrabat, et ideo quidquid beatus vir loquebatur, quidquid faciebat, placebat ei, et in sola visione illius saepe totus afficiebatur.
2 Testatur ipse de eo, quod numquam in tanta esset perturbatione seu animi motu, quod in visione ac collocutione sancti Francisci omne mentis nubilum non discederet serenum, effugaretur accidia et gaudium desuper aspiraret.
3 Ministrabat iste beato Francisco tamquam servus domino (cfr. Luc 12,37) suo, et quoties videbat eum, tamquam Christi apostolo (cfr. 1Cor 1,1) reverentiam exhibebat, et inclinato utroque homine, saepe manus eius deosculabatur ore sacrato.
4 Curabat sollicitus et devotus, quomodo beatus pater recuperare posset oculorum sanitatem, sciens eum virum sanctum et iustum (cfr. Act 3,14), et Ecclesiae Dei necessarium et utilem valde nimis (cfr. 2Esd 2,2).
5 Compatiebatur super eum universae congregationi fratrum et filios miserabatur in patrem (cfr. Ps 102,13).
6 Monebat proinde sanctum patrem curam gerere sui et infirmitatis necessaria non abicere, ne ad peccatum aliquod potius quam ad meritum horum deputaretur incuria.
7 Sanctus Franciscus vero, quae sibi a tam reverendo domino et tam carissimo patre dicebantur, humiliter observabat, cautius deinde agens et securius necessaria curae suae.
8 Sed in tantum iam creverat malum, quod ad remedium qualecumque acutissima requirebat ingenia et acerbissima medicamina exposcebat.
9 Sicque factum est, quod in pluribus locis decocto capite, incisis venis, superpositis emplastris et immissis collyriis, nihil proficeret (cfr. Ps 88,23), sed quasi semper deterius se haberet (cfr. Mar 5,26).
TEXTO TRADUZIDO
101.
1 O cardeal também tinha uma amizade enorme pelo santo, e por isso aprovava tudo que o santo dizia ou fazia; e só de vê-lo ficava muitas vezes todo comovido.
2 Ele próprio afirmava que nunca tivera perturbação ou tentação tão grandes que não passassem só de ver ou conversar com o santo, o que lhe devolvia a serenidade, afugentava o aborrecimento e o fazia aspirar à alegria do alto.
3 Pusera-se ao serviço de São Francisco como um servo ao seu senhor, e sempre que o via fazia-lhe uma reverência como a um apóstolo de Cristo, inclinando-se exterior e interiormente, e muitas vezes lhe beijava as mãos com seus lábios consagrados.
4 Interessou-se com solicitude e devoção para que o santo pai pudesse recuperar a antiga saúde dos olhos, vendo nele um homem santo e justo, muito útil e necessário à Igreja de Deus.
5 Compartilhava os sofrimentos de toda a família dos frades, compadecendo-se dos filhos no pai.
6 Por isso, exortava o santo pai a cuidar de sua saúde e a não recusar os remédios necessários na doença, pois esse descuido podia ser-lhe imputado como falta e não como merecimento.
7 Aceitando com humildade tudo que lhe foi dito por um senhor tão reverendo e um pai tão querido, daí por diante São Francisco teve o maior cuidado e prudência com o que era necessário para sua cura.
8 Só que a doença tinha se agravado tanto que para qualquer melhora exigia um especialista muito hábil e remédios muito dolorosos.
9 Por essa razão, embora lhe tenham cauterizado a cabeça em diversos lugares, feito sangrias, colocado emplastros e derramado colírios, nada adiantou. Quase sempre foi ficando pior.