TEXTO ORIGINAL
Caput XXVI - Quomodo etiam apud Civitatem de Castello daemonium expulit.
70.
1 Apud Civitatem etiam de Castello mulier quaedam obsessa erat a daemonio.
2 In qua cum esset beatissimus pater Franciscus, perducta est mulier ad domum, in qua ipse manebat.
3 Mulier autem illa, foris stans (cfr. Ioa 20,11), coepit frendere dentibus et torvo vultu, miserabili voce barrire, sicut mos est spirituum immundorum (cfr. Ioa 19,40; Mat 10,1).
4 Multi enim de civitate illa utriusque sexus accedentes, rogaverunt sanctum Franciscum pro muliere; diu namque ille malignus et eam vexaverat torquendo et illos turbaverat barriendo.
5 Sanctus pater misit tunc ad eam fratrem qui erat secum, experiri volens, utrum foret daemonium an deceptio muliebris.
6 Quem videns mulier illa coepit deridere ipsum, sciens sanctum Franciscum minime fore.
7 Pater sanctus intus erat orans, finitaque oratione, foras exivit; mulier autem coepit tremere ac volutari super terram, non sustinens virtutem eius.
8 Quam vocans ad se sanctus Franciscus dixit: “In virtute obedientiae praecipio tibi, immunde spiritus, exi ab (cfr. Mar 5,8) ea.
9 Qui confestim dimisit eam sine aliqua laesione, satis indignabundus recedens.
10 Gratias omnipotenti Deo (cfr. Sir 50,19), qui omnia in omnibus operatur (cfr. 1Cor 12,11).
11 Verum, quia non miracula, quae sanctitatem non faciunt sed ostendunt, sed potius excellentiam vitae ac sincerissimam conversationis ipsius formam decrevimus explanare, his prae nimietate omissis, aeternae salutis (cfr. Heb 5,9) opera retexemus.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 26 - Como expulsou um demônio também em Città di Castello.
70.
1 Havia, em Città di Castello, uma mulher possessa do demônio.
2 Estando lá o santo pai Francisco, levaram a mulher à casa em que ele estava.
3 Fora da casa, a mulher começou a ranger os dentes e a uivar com voz espantosa, como é costume dos espíritos imundos.
4 Muitas pessoas daquela cidade, homens e mulheres, foram rogar a São Francisco por aquela infeliz, porque já fazia muito tempo que o espírito maligno a perturbava com os seus tormentos e a todos com os seus uivos.
5 O santo pai enviou-lhes então um frade que estava com ele, para provar se era mesmo um demônio ou era fingimento da mulher.
6 Quando o viu, ela começou a rir dele, sabendo que não era absolutamente São Francisco.
7 O pai santo estava rezando lá dentro e, quando terminou a oração, saiu. A mulher começou a tremer e a se virar pelo chão, sem suportar sua virtude.
8 Chamando-a, São Francisco disse: “Ordeno-te em virtude da obediência, espírito imundo, sai dela”.
9 Ele a deixou imediatamente, sem lesão alguma, retirando-se muito indignado.
10 Demos graças a Deus todo-poderoso, que é o autor de todas as coisas, sempre.
11 Mas a nossa intenção não é contar os seus milagres, que só mostram a santidade mas não a constituem. Vamos deixar de lado essas coisas, que seriam mesmo demasiadas, e retomar as obras da salvação eterna, falando da excelência de sua vida e da maneira sincera com que se entregou a Deus.