Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 117

117. 
1 Et ingeminatis suspiriis, cum magno cordis gemitu (cfr. Ps 37,9) et lacrimis multis respicientes eum, suppressa voce clamare coeperunt (cfr. Ios 3,3):“pater, pater, quid faciemus? Cur nos miseras deseris? aut cui sic desolatas relinquis? 
2 Cur nos quo vadis non praemisisti gaudentes, quas sic hic dimittis dolentes? Quid praecipis nos facturas in isto carcere sic reclusas, quas numquam, ut soles, disponis ulterius visitare? 
3 Tecum nostra consolatio (cfr. 2Cor 1,5) tota recedit, et simile solatium non remanet saeculo tumulatis! Quis in paupertate tanta non minus meritorum quam rerum solatiabitur nobis? 
4 O pauperum pater (cfr. Iob 29,16), paupertatis amator! Quis in tentatione succurret, o innumeras tentationes expertus, tentationum examinator cautus?
5 Quis in tribulatione consolabitur tribulatas, adiutor in tribulationibus, quae invenerunt nos nimis (cfr. Ps 45,2)? 
6 O amarissima separatio, o inimica absentatio! O nimis horrenda mors, quae milia filiorum et filiarum tanto patre orbata trucidas, cum irrevocabiliter elongare festines illum, per quem studia nostra (cfr. Ier 7,3.5), si qua sunt, maxime floruerunt!”. 
7 Sed virgineus pudor multo fletui imperabat, et super illum plangere (cfr. Zac 12,10) nimis erat incongruum, in cuius transitu frequentia concurrit exercitus angelorum, et laetati sunt cives Sanctorum et domestici Dei (cfr. Eph 2,19). 
8 Sicque inter tristitiam et laetitiam positae, deosculabantur splendissimas manus eius, ornatas pretiosissimis gemis ac coruscantibus margaritis, et ablato eo, clausa est illis ianua (cfr. Mat 25,10) quae minime ultra vulneri tanto patebit. 
9 O quantus luctus omnium erat in harum miseranda et pietate plena reclamatione! Quanta praecipue moerentium lamenta filiorum! 
10 Singularis eorum dolor communis omnium erat, ita quod vix quisque posset abstinere a fletu, cum Angeli pacis amare flerent (cfr. Is 33,7).

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 117

117. 
1 Suspirando e gemendo muito, olhavam para ele em lágrimas e começaram a clamar com voz embargada: “Pai, pai, que vai ser de nós? Pobres de nós, por que nos abandonas? A quem nos entregas, assim desamparadas? 
2 Por que não nos deste a alegria de ir à tua frente e nos deixaste sofrendo deste jeito? Que mandas que façamos, presas neste cárcere, pois nunca mais virás visitar-nos, como costumavas? 
3 Contigo vai-se embora toda a nossa consolação. Não haverá mais conforto igual para nós que nos enterramos para o mundo! Quem nos acudirá em tamanha pobreza, não só de méritos como de bens materiais? 
4 Ó pai dos pobres e amigo da pobreza! Quem nos socorrerá nas provações, diz-nos tu, que passaste por tantas e eras um precavido conhecedor desses males!
5 Quem nos consolará nas tribulações, diz-nos tu, que nos socorreste em tantas que nos assaltaram! 
6 Amarga separação, cruel ausência! Ó morte horrorosa, que trucidas milhares de filhos e filhas, privando-nos desse pai, apressando-te em levá-lo para longe sem retorno, ele a quem devemos o grande florescimento de nossos esforços, se é que alguma coisa temos!” 
7 Mas o virginal pudor lhes embargava o pranto, e não ficava bem chorar demais por ele, quando em sua morte tinham acorrido multidões de anjos, alegrando-se os cidadãos dos céus e os que moram na casa de Deus. 
8 Entre a tristeza e a alegria, beijavam suas mãos esplêndidas, ornadas de pedras preciosas a brilhar. Quando ele foi levado, fechou-se para elas a porta, que jamais poderá ser aberta para outra dor comparável. 
9 Que compaixão enorme tiveram todos pelo seu sofrido e piedoso lamento! Os maiores gemidos foram, principalmente, os de seus filhos entristecidos! 
10 Todos partilhavam sua dor, porque era impossível reprimir as lágrimas quando os anjos da paz choravam com amargura.