TEXTO ORIGINAL
135.
1 Bartholomaeus de Narnii civitate, homo pauperrimus et egenus, cum sub umbra cuiusdam nucis quodam tempore obdormisset, evigilans ita contractum se reperit, quod nusquam poterat ambulare.
2 Crescente quoque sensim infirmitate, tibiacum pede subtilis, curva et arida facta est, incisionem ferri non sentiens, nec ignis adustionem aliquatenus pertimescens.
3 Sed verus amator pauperum et omnium egenorum pater, Franciscus sanctissimus nocte quadam sese illi per visionem (cfr. Dan 2,19) somnii manifestat, praecipiens ei ut ad balneum quoddam accedat, in quo, tantae miseriae pietate permotus, vult eum ab hac aegritudine liberare.
4 Sed expergefactus, nesciens quid faceret (cfr. Luc 9,33; Act 5,7), episcopo civitatis narravit per ordinem visionem.
5 Episcopus vero adhortans ut ad imperatum balneum properaret, signavit ac benedixit eum.
6 Coepit quoque baculo sustentatus ad locum utcumque, prout melius poterat, pertrahere semetipsum.
7 Cumque moestus pergeret, nimio labore confectus, audivit vocem dicentem sibi (cfr. Act 9,4): “Vade cum pace Domini; ego sum ille cui te vovisti”.
8 Appropinquans deinde ad balneum, quia nox erat, erravit a via et audivit vocem iterum dicentem sibi (cfr. Act 9,4), quod non recto itinere ambularet.
9 Quae et versus balneum eum direxit.
10 Cumque venisset ad locum et balneum fuisset ingressus, manum unam super pedem sensit imponi sibi et aliam super tibiam, ipsam quietius extendentem.
11 Continuo proinde liberatus, de balneo exsilivit, laudans et benedicens omnipotentiam Creatoris et beatum Franciscum servum eius, qui tantam ei gratiam contulit et virtutem.
12 Sex enim annorum spatio contractus et mendicus fuerat homo ille, ac plena aetate provectus.
TEXTO TRADUZIDO
135.
1 Bartolomeu, um pobre mendigo de Narni, dormiu embaixo de uma nogueira e acordou tão entrevado que não podia andar.
2 A doença foi aumentando sensivelmente: a perna, já com o pé enfraquecido, se encurvou, secou e ele não sentia o corte de uma faca nem queimaduras.
3 Mas São Francisco, que sempre amou de verdade os pobres e foi o pai de todos os indigentes, apareceu-lhe uma noite em sonhos, mandando que fosse tomar banho em determinado lugar, pois lá queria curá-lo, compadecido de todo o seu sofrimento.
4 A acordar, não sabendo o que fazer, o pobre contou o sonho ao bispo da cidade,
5 que lhe disse para ir depressa ao banho recomendado, e o abençoou.
6 Ele pegou um bastão e tratou de ir para o lugar indicado, da melhor forma que lhe era possível.
7 Caminhava triste e muito cansado pelo esforço, quando ouviu uma voz que lhe dizia: “Vá com a paz do Senhor, eu sou aquele a quem te consagraste”.
8 Aproximando-se do lugar já de noite, errou o caminho e ouviu de novo a voz, que o advertiu
9 e o dirigiu para o banho.
10 Quando chegou e entrou no banho, sentiu uma mão no pé e outra na perna, estendendo-a com cuidado.
11 Logo ficou livre, saltou para fora do banho, louvando e bendizendo a onipotência do Criador e o bem-aventurado Francisco seu servo, que lhe tinha conferido tamanha graça e força.
12 Tinha sido aleijado e mendigo por seis anos, e era de idade avançada.