TEXTO ORIGINAL
Caput IX - Lamentum fratrum et gaudium cum cernerent signa fe-rentem crucis, et de alis Seraphim.
112.
1 Factus est propterea concursus populorum multorum laudantium Deum ac dicentium (cfr. Act21,30; Mic 5,7; Luc 2,13): “Laudatus et benedictus tu Domine Deus noster (cfr. Dan 3,57; Ps 40,14), qui nobis indignis tam pretiosum depositum commendasti!
2 Laus et gloria sit tibi, Trinitas ineffabilis!”
3 Catervatim tota civitas (cfr. Mat 8,34) Assisii ruit, et omnis accelerat regio videre magnalia Dei (cfr. Mat 3,5; Act 2,11), quae in servo sancto suo gloriose ostenderat Dominus maiestatis (cfr. Is 2,10).
4 Unusquisque autem cantabat canticum laetitiae, prout cordis gaudium (cfr. Lam 5,15) suggerebat, et de adimpleto desiderio (cfr. Phip 4,19) benedicebant universi omnipotentiam Salvatoris.
5 Verumtamen filii lamentabantur tanto patre orbati, et pium cordis affectum lacrimis et suspiriis ostendebant.
6 Sed temperabat moestitiam gaudium inauditum, et miraculi novitas eorum mentes in stuporem nimium convertebat.
7 Versus est luctus (cfr. Est 13,17) in canticum, et ploratio in iubilationem.
8 Numquam enim audierant, nec legerant in scripturis quod oculis mostrabatur, quod et persuaderi vix potuisset eis, si non tam evidenti testimonio probaretur.
9 Resultabat revera in eo forma crucis et passionis Agni immaculati (cfr. 1Pet 1,19), qui lavit crimina mundi (cfr. Apoc 1,5), dum quasi recenter e cruce depositus videretur, manus et pedes clavis confixos et dextrum latus quasi lancea (cfr. Ioa 19,34) vulneratum.
10 Intuebantur namque carnem illius, quae nigra fuerat prius, candore nimio renitentem, et ex sui pulchritudine beatae ressurrectionis praemia pollicentem.
11 Cernebant denique vultum eius quasi vultum Angeli, (cfr. Act 6,15) quasi viveret, non sicut mortuus esset, et caetera membra eius conversa in teneritudinem et habilitatem innocentiae puerilis.
12 Non sunt contracti nervi eius, ut mortuorum solent, non indurata cutis, non rigida effecta sunt membra, sed huc atque illuc vertentia se, veluti ponebantur.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 9 - Lamento dos frades e sua alegria ao vê-lo portando os sinais da cruz, e das asas do Serafim.
112.
1 Acorreram as multidões louvando a Deus e dizendo: “Louvado e bendito sejas, Senhor nosso Deus, que a nós indignos confiaste tão santos despojos!
2 Louvor e glória a ti, Trindade inefável!”
3 A cidade de Assis veio em peso, e a região inteira acorreu para contemplar os prodígios divinos que o Senhor da majestade realizara gloriosamente no seu santo servo.
4 Cada um entoava seu canto de alegria, conforme lhe inspirava a alegria do coração, e todos bendiziam a onipotência do Salvador que tinha cumprido seus desejos.
5 Mas os filhos choravam por ter perdido semelhante pai e mostravam com lágrimas e suspiros a piedosa afeição de seus corações.
6 Mas um gozo inaudito temperava a tristeza e a singularidade do milagre enchera-os de assombro.
7 Mudou-se o luto em cântico e o pranto em júbilo.
8 Nunca tinham ouvido falar nem tinham lido sobre o que seus olhos estavam agora vendo. Se o testemunho não fosse tão evidente, mal poderiam acreditar.
9 Brilhava nele uma representação da cruz e da paixão do Cordeiro imaculado, que lavou os crimes do mundo, parecendo que tinha sido tirado havia pouco da cruz, com as mãos e os pés atravessados pelos cravos e o lado como que ferido por uma lança.
10 Contemplavam sua pele, escura em vida, brilhando de alvura, e confirmando por sua beleza o prêmio da bem-aventurada ressurreição.
11 Viam seu rosto como o de um anjo, como se estivesse vivo e não morto, e seus membros tinham adquirido a flexibilidade e a contextura de uma criança.
12 Seus nervos não se contraíram, como acontece com os mortos. A pele não se endureceu e os membros não se enrijeceram, mas dobravam para onde se quisesse.