Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 96

96. 
1 Mos etenim ipsius erat raro aut nulli praecipuum revelare secretum, timens specie praecipuae dilectionis ex eorum revelatione, sicut solent facere praedilecti, pati aliquod in data sibi gratia detrimentum (cfr. Rom 12,3; 2Cor 7,9). 
2 Gerebat proinde semper in corde suo et in ore frequenter habebat propheticum illud: “In corde meo abscondi eloquia tua, ut non peccem tibi” (Ps 118,11). 
3 Quoties vero ex saecularibus ad eum aliqui convenissent, ab eorum collocutione cupiens abstinere, fratribus et filiis qui secum morabantur tale dederat signum, ut cum videlicet praedictum versiculum recitaret, statim eis qui convenerant modeste licentiam exhiberent. 
4 Expertus namque fuerat, magnum fore malum cuncta communicare cunctis et spiritualem sciebat esse non posse, cuius secreta perfectiora et plura non sunt quam quae in facie videntur (cfr. 2Cor 10,7) et ex apparentia possunt in unaquaque parte ab hominibus iudicari. 
5 Invenerat enim aliquos sibi exterius concordantes et interius dissidentes, applaudentes coram, irridentes retro, qui iudicium sibi (cfr. 1Cor 11,29) acquisierunt et rectos ei suspectos aliquantulum reddiderunt. 
6 Saepe namque malitia denigrare nititur puritatem, et propter mendacium familiare multis, paucorum non creditur veritati (cfr. 2The 2,11).

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 96

96. 
1 Tinha decidido não revelar a quase ninguém o seu segredo extraordinário, temendo que, como costumam fazer os privilegiados, contassem a outros para mostrar como eram amigos, e isso resultasse em detrimento da graça que tinha recebido. 
2 Por isso guardava sempre em seu coração e repetia aquela frase do profeta: “Escondi tuas palavras em meu coração, para não pecar contra ti”. 
3 Tinha até combinado um sinal com seus irmãos e filhos: quando queria interromper a conversa de pessoas de fora que o visitavam, recitava aquele versículo e eles tratavam de despedí-las delicadamente. 
4 Sabia por experiência como fazia mal contar tudo a todos e que não pode ser homem espiritual quem não possui em seu coração outros segredos, mais profundos do que os que podem ser lidos no rosto e julgados por qualquer pessoa. 
5 Tinha percebido que algumas pessoas concordavam com ele por fora e discordavam por dentro, aplaudiam na frente e riam-se por trás, levando-o a julgar os outros e até a suspeitar de pessoas irrepreensíveis. 
6 Infelizmente, muitas vezes deixamos de acreditar na sinceridade de poucos porque a maldade procura denegrir o que é puro e porque a mentira se tornou natural para a maioria.