Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 98

98. 
1 Sed quoniam, secundum iura naturae, humanaeque conditionis modum necesse est quod de die in diem homo exterior corrumpatur, licet is qui intus est renovetur (cfr. 2Cor 4,16), illud pretiosissimum vasculum, in quo caelestis thesaurus erat absconditus (cfr. Mat 13,44), coepit undique conquassari et virium omnium pati defectum. 
2 Verum quia: cum consummatus fuerit homo tunc incipiet, et cum (cfr. Sir 18,6) finierit tunc operabitur, in carne infirma spiritus promptior (cfr. Mat 26,4) efficiebatur. 
3 Tantum quoque animarum diligebat salutem (cfr. 1Pet 1,9) et proximorum sitiebat lucra, ut cum per se ambulare non posset, asello vectus circuiret terras (cfr. Luc 9,6). 
4 Frequenter eum monebant fratres, illi omni precum instantia suggerentes, ut infirmum corpus et valde debilitatum medicorum auxilio utcumque recreare deberet. 
5 Ipse autem, illo suo nobili spiritu in caelum directo, qui solvi solummodo cupiebat et cum Christo esse (cfr. Phip 1,23), hoc facere penitus recusabat. 
6 Verum quia nondum impleverat ea quae passionum Christi deerant in carne (cfr. Col 1,24) sua, licet stigmata eius in corpore suo portaret (cfr. Gal 6,17), infirmitatem oculorum incurrit gravissimam, quemadmodum multiplicavit in eo misericordiam suam Deus (cfr. Ps 35,8). 
7 Cumque de die in diem infirmitas illa succresceret et ex incuria videretur quotidie augmentari, frater Helias tandem , quem loco matris elegerat sibi et aliorum fratrum fecerat patrem, compulit eum ut medicinam non abhorreret, 
8 sed eam reciperet in nomine Filli Dei (cfr. Ps 35,8), per quem creata erat, sicut scriptum est: Altissimus de terra creavit medicinam, et vir prudens non abhorrebit eam (Sir 38,4). 
9 Sanctus pater vero tunc benigne acquievit et humiliter obtemperavit sermonibus se monentis.

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 98

98. 
1 Mas, como é uma lei inelutável da natureza e da condição humana que o homem exterior vá perecendo cada dia, enquanto a interioridade se renova sem cessar, aquele vaso preciosíssimo, em que estava o tesouro escondido, começou a ceder por todos os lados e a se ressentir da perda de forças. 
2 Entretanto, “quando o homem crê estar no fim, é então que começa” (cfr. Eclo 18,6), seu espírito se tornava mais disposto na medida em que a carne estava mais fraca (cfr. Mt 26,4) . 
3 Tão vivo era seu zelo pela salvação das almas e tão grande sua sede pelo bem do próximo que, quando não podia mais andar, percorria as terras montado num jumento. 
4 Os frades lhe pediam constantemente que desse um pouco de alívio ao corpo enfermo e tão debilitado, recorrendo ao auxílio dos médicos. 
5 Mas ele, com seu nobre espírito voltado para o céu, desejando apenas dissolver-se para estar com Cristo, recusava-se terminantemente a isso. 
6 Entretanto, como não tinha completado em sua carne o que faltava na paixão de Cristo, embora carregasse no corpo os seus estigmas, teve uma grave moléstia dos olhos, como se nele Deus quisesse multiplicar sua misericórdia. 
7 A doença crescia cada vez mais e parecia aumentar dia a dia pela falta de cuidado. Frei Elias, a quem escolhera como sua mãe e colocara como pai dos outros frades, acabou obrigando-o a 
8 aceitar o remédio pelo nome do Filho de Deus, por quem tinha sido criado, de acordo com o que está escrito: “O Senhor fez sair da terra os remédios, e o homem sensato não os rejeita” (Sir 38,4). 
9 Então o santo pai acedeu de bom grado e obedeceu com humildade aos que o aconselhavam.