TEXTO ORIGINAL
95.
1 Manus et pedes eius in ipso medio clavis confixae videbantur, clavorum capitibus in interiore parte manuum et superiore pedum apparentibus, et eorum acuminibus exsistentibus ex adverso.
2 Erant enim signa illa rotunda interius in manibus, exterius autem oblonga, et caruncula quaedam apparebat quasi summitas clavorum retorta et repercussa, quae carnem reliquam excedebat.
3 Sic et in pedibus impressa erant signa clavorum et a carne reliqua elevata.
4 Dextrum quoque latus quasi lancea transfixum, cicatrice obducta, erat, quod saepe sanguinem emittebat, ita ut tunica eius cum femoralibus multoties respergeretur sanguine sacro.
5 Heu quam pauci, dum viveret crucifixus servus Domini crucifixi, sacrum lateris vulnus cernere meruerunt!
6 Sed felix Helias, qui, dum viveret sanctus, utcumque illud videre meruit; sed non minus felix Rufinus qui manibus propriis contrectavit (cfr. 1Joa 1,1).
7 Enimvero cum semel dictus frater Rufinus manum suam in sinum sanctissimi viri, ut eum scalperet, immisisset, dilapsa est manus eius, ut saepe contingit, ad dextrum latus ipsius, et occurrit ei pretiosam illam tangere cicatricem.
8 Ad cuius tactum sanctus Dei non modicum doluit, et manum a se repellens, ut ei parceret Dominus (Gen 19,16) acclamavit.
9 Studiosissime namque abscondebat haec ab extraneis, celabat cautissime a propinquis, ita ut et collaterales fratres et eius devotissimi secutores haec per multum temporis ignorarent.
10 Et licet tantis ac talibus margaritis tamquam pretiosissimis gemmis (cfr. 2Par 9,9) servus et amicus Altissimi se videret ornatum, atque supra omnium hominum gloriam et honorem (cfr. Sir 3,19; Ps 8,6) mirifice decoratum, non evanuit tamen in corde suo, nec quaesivit inde alicui per appetitum vanae gloriae complacere (cfr. Gal 1,10);
11 sed, et ne humanus favor fatam sibi gratiam furaretur, modis omnibus quibus poterat haec abscondere (cfr. Mat 6,18.19) satagebat.
TEXTO TRADUZIDO
95.
1 Suas mãos e seus pés pareciam atravessados bem no meio pelos cravos, sobressaindo as cabeças no interior das mãos e em cima dos pés, e as pontas do outro lado.
2 Os sinais eram redondos nas palmas das mãos e longos no lado de fora, deixando ver um pedaço de carne como se fossem pontas de cravo entortadas e rebatidas, saindo para fora da carne.
3 Havia marcas dos cravos também nos pés, ressaltadas na carne.
4 No lado direito, que parecia atravessado por uma lança, estendia-se uma cicatriz que freqüentemente soltava sangue, de maneira que sua túnica e suas calças estavam muitas vezes banhadas naquele sangue bendito.
5 Infelizmente, foram muito poucos os que mereceram ver a ferida sagrada do seu peito, enquanto viveu crucificado o servo do Senhor crucificado!
6 Feliz foi Frei Elias, que teve algum jeito de vê-la durante a vida do santo. Não menos afortunado foi Frei Rufino, que a tocou com suas próprias mãos.
7 Porque, num dia em que lhe friccionava o peito, sua mão escorregou casualmente para o lado direito e tocou a preciosa cicatriz.
8 A dor que o santo sentiu foi tão grande que afastou a mão e gritou pedindo a Deus que o poupasse.
9 Pois tinha muito cuidado em esconder essas coisas dos estranhos, e ocultava-as mesmo dos mais chegados, de maneira que até os irmãos que eram seus companheiros e seguidores mais devotados não souberam delas por muito tempo.
10 E o servo e amigo do Altíssimo, embora se visse ornado com jóias tão importantes como pedras preciosíssimas e assim destacado espetacularmente acima da glória e da honra de todos os homens, não se desvaneceu em seu coração nem procurou por causa disso comprazer-se em alguma vanglória.
11 Pelo contrário, para que o favor humano não lhe roubasse a graça recebida, procurou escondê-la de todos os modos possíveis.