Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 76

Caput XXVIII - De spiritu charitatis et affectu compassionis quo fervebat erga pauperes, et quid de ove et agniculis fecerit.

76. 
1 Pater pauperum (cfr. Iob 29,16) pauper Franciscus, pauperibus omnibus se conformans, pauperiorem se quempiam conspicere gravabatur, non inanis gloriae (cfr. Gal 5,26) appetitu, sed solius compassionis affectu. 
2 Et licet tunica vili satis et hispida foret contentus, illam multoties cum aliquo paupere dividere cupiebat. 
3 Sed ut ditissimus pauper, magno pietatis affectu ductus, posset utcumque pauperibus subvenire, postulabat in magnis frigoribus a divitibus huius saeculi mantellum seu pelles praestari sibi. 
4 Qui cum devote libentius id facerent quam ab eis pater beatissimus postularet, dicebat eis: “Tali tenore hoc a vobis recipiam, quod rehabere de caetero nullatenus exspectetis”. 
5 Cumque aliquis ex pauperibus ei primitus obviaret, exsultans et gaudens ex accepto pauperem induebat. 
6 Molestissimum erat ei, cum alicui pauperum cerneret exprobari, vel in aliquam creaturam maledictionis verbum (cfr. Ios 8,34) audiret ab aliquo intorqueri. 
7 Unde accidit, ut frater quidam cuidam pauperi eleemosynam postulanti verbum invectionis inferret, dicens: “Vide, ne forte sis dives et simules paupertatem”. 
8 Quod audiens pater pauperum (cfr. Iob 29,16), sanctus Franciscus, graviter doluit et fratrem talia proferentem durissime increpavit, praecepitque ei ut se coram paupere denudaret ac, pedes eius deosculatus, veniam postularet. 
9 Aiebat namque: “Qui pauperi maledicit, Christo iniuriam facit, cuius portat nobile signum, qui ‘se pro nobis fecit pauperem in hoc mundo’”. 
10 Frequenter proinde, inveniens pauperes lignis vel aliis sarcinis oneratos, ad adiuvandum illos proprios humeros, licet nimium debiles, supponebat.

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 76

Capítulo 28 - Da caridade e compaixão para com os pobres e o que fez por uma ovelha e uns cordeirinhos.

76. 
1 Pai dos pobres, o pobre Francisco queria viver em tudo como um pobre; sofria ao encontrar quem fosse mais pobre do que ele, não por vanglória mas por íntima compaixão. 
2 Não tinha mais do que uma túnica pobre e áspera, mas muitas vezes quis dividi-la com algum necessitado. 
3 Movido de enorme piedade, no tempo de muito frio, esse pobre riquíssimo pedia aos ricos deste mundo que lhe emprestassem mantos ou peles para poder ajudar os pobres em todas as partes. 
4 E como eles o atendiam com devoção e com maior boa vontade do que a do santo pai aos lhes pedir, ele dizia: “Eu recebo isto com a condição de vocês não ficarem esperando devolução”. 
5 E logo que encontrava um pobre ia todo alegre cobri-lo com o que tivesse recebido. 
6 Doía-lhe muito ver algum pobre sendo ofendido, ou ouvir alguém dizendo palavras de maldição para qualquer outra criatura. 
7 Aconteceu que um irmão disse uma palavra má a um pobre que pedia esmolas, pois lhe falou: “Veja lá que você não seja um rico que está se fingindo de pobre”. 
8 Ouvindo isso, o pai dos pobres, São Francisco, teve uma dor muito grande e repreendeu o frade com dureza. Mandou que se despisse diante do pobre, beijasse os pés dele e lhe pedisse desculpas. 
9 Costumava dizer: “Quem amaldiçoa um pobre injuria o próprio Cristo, de quem é sinal, pois ele se fez pobre por nós neste mundo”. 
10 Por isso era freqüente que, ao ver algum pobre carregando lenha ou outra carga, ajudasse com seus próprios ombros, tão fracos.