Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 116

Caput X - De planctu Dominarum apud Sanctum Damianum et quo-modo cum laude et gloria sepultus est.

116. 
1 Fratres igitur et filii qui convenerant cum omni multitudine populorum (cfr. Ez 27,33), quae ex vicinis civitatibus tantis se gaudebant interesse solemniis, totam noctem illam, in qua obiit sanctus pater, divinis laudibus consummarunt, ita ut, prae iubilationum dulcedine ac luminum claritate, fore angelorum excubiae viderentur. 
2 Mane autem facto, convenit multitudo (cfr. Ioa 21,4; Act 2,6) civitatis Assisii cum universo clero, et tollentes sacrum corpus de loco in quo obierat, cum hymnis et laudibus, clangentibus tubis (cfr. Ios 6,20), ipsum ad civitatem honorifice portaverunt. 
3 Acceperunt singuli ramos olivarum aliarumque arborum (cfr. Ioa 12,13; Mat 21,8), sacras exsequias solemniter exsequentes, et multiplicatis luminaribus, laudum munia altisonis vocibus exsolvebant. 
4 Cumque, portantibus filiis patrem, et grege sequente pastorem ad Pastorem omnium (cfr. Ez 37,24) properantem, perventum esset ad locum in quo religionem et ordinem sacrarum virginum et Dominarum pauperum ipse primo plantavit, deponentibus eum in ecclesia Sancti Damiani, in qua dictae filiae suae quas Domino acquisierat morabantur, aperta est fenestra parvula per quam ancillae Christi constituto tempore (cfr. 2Re 24,15) communicare solent Dominici corporis sacramento. 
5 Aperta est et arca in qua supercaelestium virtutum thesaurus latebat, in qua portabatur a paucis qui multos portare solebat. 
6 Et ecce domina Clara, quae vere meritorum sanctitate clara erat, aliarum mater prima, quia prima planta huius sancti ordinis fuit, venit cum reliquis filiabus ad videndum patrem non loquentem eis, nec reversum ad eas, alibi properantem.

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 116

Capítulo 10 - Do pranto das senhoras em São Damião e como foi sepultado com louvor e alegria.

116. 
1 Os frades seus filhos, que tinham acorrido com toda a multidão das cidades vizinhas, contentes por participar de tão solene funeral, passaram toda aquela noite em que morreu o santo pai dando louvores a Deus: pela suavidade do júbilo e pela claridade das luzes até parecia que eram os anjos a velar. 
2 Quando amanheceu, juntou-se a multidão de Assis com todo o clero e, carregando o sagrado corpo do lugar em que morrera, levaram-no para a cidade entre hinos e louvores, tocando trombetas. 
3 Cada um levava um ramo de oliveira ou de outras árvores e seguiam solenemente o enterro, com muitas luminárias e cantando louvores em alta voz. 
4 Quando o cortejo, formado pelos filhos que levavam o pai e pelo rebanho que acompanhava o pastor em busca do Pastor supremo, chegou ao lugar em que ele tinha fundado a Ordem das santas virgens e senhoras pobres, depositaram-no na igreja de São Damião, em que moravam aquelas suas filhas, por ele conquistadas para o Senhor. Abriu-se então a janelinha pela qual as servas de Deus costumavam receber a comunhão no tempo determinado. 
5 Abriu-se também a arca em que o tesouro de virtudes supercelestes estava guardado e em que estava sendo levado por poucos aquele que costumava arrastar tanta gente. 
6 Então a senhora Clara, verdadeiramente clara pela santidade de seus merecimentos, primeira mãe das outras porque tinha sido a primeira plantinha da Ordem, aproximou-se com suas filhas para ver o pai, que já não lhes falaria e estava a caminho de outras paragens, para não mais voltar.