TEXTO ORIGINAL
2
1 Moram autem faciente (cfr. Mat 25,5) servo Dei cum sacerdote praedicto, cum hoc intellexisset pater ipsius, perturbatus animo cucurrit ad locum.
2 At ipse, quia novus Christi erat athleta, cum audiret persequentium minas et eorum praesentiret adventum, dare locum irae (cfr. Rom 12,19) volens, in quadam occulta fovea se abscondit;
3 in qua diebus aliquibus latitando, rogabat Dominum incessanter, lacrymarum imbre perfusus, ut liberaret de manibus persequentium animam (cfr. Ps 30,16; 108,31) suam, et pia quae inspiraverat vota, benigno favore compleret.
4 Igitur excessiva quadam completus laetitia, coepit de pusillanimitatis ignavia semetipsum arguere, relictaque fovea et abiecto pavore, versus civitatem Assisii viam aggressus est.
5 Quem cum cives cernerent facie squalidum et mente mutatum, ac per hoc alienatum putarent a sensu, luto platearum (cfr. 2Re 22,43) et lapidibus impetebant et tamquam insano et dementi clamosis vocibus insultabant.
6 Famulus autem Domini, nulla fractus aut mutatus iniuria, ut surdus in omnibus pertransibat.
7 Cumque clamorem huiusmodi pater audisset, statim accurrens, non ad liberandum eum, sed potius ad perdendum: omni miseratione subtracta, pertractum domi primo verbis, deinde verberibus et vinculis angit.
8 Ipse autem ad exsequendum quod coeperat promptior ex hoc et validior reddebatur, recolens illud Evangelli verbum:
9 Beati qui persecutionem patiuntur propter iustitiam, quoniam ipsorum est regnum caelorum (Mat 5,10).
TEXTO TRADUZIDO
2
1 Mas como o servo de Deus ficou morando com o referido sacerdote, quando seu pai ficou sabendo disso correu para o lugar, perturbado.
2 Ele, como era um novo atleta de Cristo, quando soube das ameaças dos que o perseguiam e pressentiu sua chegada, não querendo dar lugar à ira, escondeu-se numa cova oculta,
3 na qual, ficando alguns dias escondido, rogava ao Senhor incessantemente, lavado num rio de lágrimas, para que livrasse sua alma das mãos dos que o perseguiam, e com bondoso favor realizasse os piedosos votos que tinha inspirado.
4 Por isso, cheio de uma alegria transbordante, começou a reprovar-se por sua pusilânime covardia, saiu da cova e, deixando de lado o pavor, enfrentou o caminho na direção da cidade de Assis.
5 Quando os cidadãos viram-no de rosto macilento e cabeça mudada, julgando por isso que estava alienado do bom senso, atacaram-no com barro das praças e pedras, insultando-o aos gritos como insano e demente.
6 mas o servo do Senhor, por injúria alguma quebrado ou mudado, passava como um surdo no meio de todos.
7 Quando o pai ouviu esse clamor, correu imediatamente, não para libertá-lo mas antes para perde-lo: deixando de lado toda comiseração, arrastou-o primeiro para casa com palavras, mas depois apertou-o com chicotadas e correntes.
8 Ele, porém, mais pronto para completar o que tinha começado, ficava até mais forte com isso, lembrando aquela palavra do Evangelho:
9 Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,10).