Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - XIII,10

10 
1 Iam vere impleta est prima visio, quam vidisti (cfr. Dan 9,24; 4,6), videlicet quod dux in militia Christi futurus, armis deberes caelestibus, signoque crucis insignibus decorari. 
2 Iam in principio tuae conversionis Crucifixi visio compassivi doloris gladio mentaliter te transfigens, sed et auditus vocis de cruce tamquam de throno Christi sublimi et secreto propitiatorio (cfr. Luc 2,35; Num 7,89) procedentis, iuxta quod tuo sacro firmasti eloquio, vera indubitanter fuisse creduntur. 
3 Iam in tuae conversationis progressu et crucem, quam vidit frater Silvester ex ore tuo mirabiliter procedentem; et gladios in crucis modum tua viscera transfigentes, quos sacer vidit Pacificus; 
4 teque secundum crucis figuram in aere sublevatum, cum de crucis titulo sanctus praedicabat Antonius, iuxta quod perspexit angelicus vir Monaldus, non phantastica visione, sed revelatione caelica fuisse conspecta, vere creditur et firmatur. 
5 Iam denique circa finem, quod simul tibi ostenditur et sublimis similitudo Seraph et humilis effigies Crucifixi, interius te incendens et exterius te consignans tamquam alterum Angelum ascendentem ab ortu solis, qui signum in te habeas Dei vivi (cfr. Apoc 7,2), et praedictis dat firmitatem fidei et ab eis accipit testimonium veritatis (cfr. Ioa 5,33). 
6 Ecce, iam septem apparitionibus crucis Christi in te et circa te secundum ordinem temporurn mirabiliter exhibitis et monstratis, quasi sex gradibus ad istam septimam, in que finaliter requiesceres, pervenisti. 
7 Christi namque crux in tuae conversionis primordio tam proposita quam assumpta et dehinc in conversationis progressu per vitam probatissimam baiulata in te ipso continue et in exemplum aliis demonstrata, tanta certitudinis claritate ostendit evangelicae perfectionis apicem te finaliter conclusisse,
8 ut demonstrationem hanc christianae sapientiae in tuae carnis pulvere exaratam nullus vere devotus abiciat, 
9 nullus vere fidelis impugnet, nullus vere humilis parvipendat, cum sit vere divinitus expressa et omni acceptione condigna (cfr. 1Tim 1,15; 4,9).

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - XIII,10

10 
1 Já se cumpriu a primeira visão que tiveste, isto é, que serias um comandante no exército de Cristo, e te deverias ornar com armas celestes, marcadas com o sinal da cruz. 
2 Já pode ser tida como verdadeira, sem nenhuma dúvida, aquela visão do Crucificado, que tiveste no começo de tua conversão, e que transpassou tua mente com a espada de uma dolorosa compaixão, mas também aquela voz que escutaste, procedente da cruz como do trono sublime de Cristo e de seu secreto propiciatório, como tu mesmo afirmaste com tuas sagradas palavras. 
3 Já, no desenvolvimento de tua conversão, a cruz que Frei Silvestre viu saindo maravilhosamente de tua boca, e as espadas em forma de cruz transpassando tuas entranhas, que foram vistas por Frei Pacífico, 
4 e tu mesmo segundo a figura de uma cruz elevada no ar, quando santo Antônio pregava sobre a cruz, conforme foi visto pelo homem angélico que foi Monaldo, verdadeiramente são coisas em que acreditamos e nos confirmamos, sabemos que foram percebidas não numa visão fantástica, mas numa revelação celeste. 
5 Já se realizou, perto do fim, o fato de que te foram mostrados ao mesmo tempo tanto a sublime aparência do Serafim e a humilde efígie do Crucificado, incendiando-te por dentro e marcando-te por fora como um outro anjo subindo do nascer do sol, que tenhas em ti o sinal do Deus vivo, tanto dá às coisas que foram ditas a firmeza da fé como delas recebe o testemunho da veracidade. 
6 Eis, então, as sete aparições da cruz de Cristo, maravilhosamente exibidas e mostradas em ti e acerca de ti, de acordo com a ordem do tempo, como seis degraus para este sétimo em que chegaste finalmente para descansar. 
7 Pois a cruz de Cristo, que te foi proposta no começo de tua conversão e que assumiste, essa cruz que no progresso de teu comportamento carregaste continuamente em ti com uma vida santíssima e mostraste para exemplo dos outros, deixa entrever com tanta clareza e certeza que alcançaste finalmente o cume da perfeição evangélica, 
8 para que essa demonstração da sabedoria cristã escrita no pó de tua carne não seja rejeitada por nenhuma pessoa verdadeiramente devota, 
9 não seja impugnada por nenhuma pessoa verdadeiramente fiel, nem tida em pouca consideração por nenhum humilde, pois é na verdade divinamente expressa e digna de toda aceitação.