TEXTO ORIGINAL
II - De mortuis suscitatis.
1
1 In castro Montis Marani prope Beneventum mulier quaedam sancto Francisco peculiari devotione cohaerens, viam universae carnis intravit (cfr. Ios 23,14).
2 Convenientibus autem clericis nocte ad exsequias et vigilias cum Psaltertis decantandas, subito cunctis cernentibus, erexit se mulier super lectum et unum de adstantibus sacerdotem, patrinum videlicet suum, vocavit dicens: “Volo confiteri, pater, audi peccatum meum!
3 Ego enim mortua duro eram carceri mancipanda, quoniam peccatum, quod tibi pendam, necdum confessa fueram.
4 Sed orante”, inquit, ”pro me sancto Francisco, cui, dum viverem, devota mente servivi, redire nunc ad corpus indultum est mihi, ut, illo revelato peccato, sempiternam promerear vitam.
5 Et ecce, vobis videntibus, postquam illud detexero, ad promissam requiem properabo”.
6 Trementer ergo sacerdoti trementi confessa, post absolutionem receptam quiete se in lecto collegit et in Domino feliciter obdormivit (cfr. Act 7,60).
TEXTO TRADUZIDO
II – Sobre os mortos ressuscitados.
1
1 No castro de Monte Marano, perto de Benevento, uma mulher muito devota de São Francisco, entrou no caminho de toda carne.
2 Mas quando se reuniram os clérigos, de noite, para cantar as exéquias e vigílias com os Saltérios, de repente, diante da vista de todos, a mulher levantou-se na cama e chamou um dos presentes, que era sacerdote e seu padrinho, dizendo: Quero me confessar, padre, ouve o meu pecado!
3 Pois eu morri e devia ser presa num duro cárcere, porque ainda não tinha confessado o pecado, que vou te manifestar.
4 Mas São Francisco, a quem servi devotamente enquanto vivi, orou por mim, e me foi concedido voltar agora ao corpo para que, revelado aquele pecado, mereça a vida sempiterna.
5 E eis que, diante de vós, depois que me confessar, vou partir para o descanso prometido”.
6 Tremendo, o sacerdote confessou-a também a tremer e, depois de recebida a absolvição, recolheu-se sossegadamente em seu leito e dormiu felizmente no Senhor.