TEXTO ORIGINAL
9
1 Contigit ipsum aliquando Aretium devenire, cum tota civitas intestino bello quassata propinquum sui minabatur excidium.
2 Hospitatus vero in suburbio, vidit supra civitatem exsultantes daemones ac perturbatos cives ad caedem mutuam succendentes.
3 Ut autem seditiosas illas effugaret aereas potestates, fratrem Silvestrum, columbinae simplicitatis virum, quasi praeconem praemisit, dicens: ”Vade ante portam civitatis et ex parte Dei omnipotentis daemonibus in virtute obedientiae praecipe, ut exeant festinanter”.
4 Accelerat verus obediens patris iussa perficere, et praeoccupans in laudibus faciem (cfr. Ps 94,2) Domini, ante portam civitatis coepit clamare valenter: ”Ex parte omnipotentis Dei et iussu servi eius Francisci procul hinc discedite, daemones universi!”.
5 Redit ad pacem continuo civitas, et civilitatis in se iura cives omnes cum magna tranquillitate reformant.
6 Expulsa quippe daemonum furibunda superbia, quae civitatem illam velut obsidione vallaverat, superveniens sapientia pauperis, videlicet Francisci humilitas, pacem reddidit urbemque salvavit.
7 Humilis enim obedientiae ardua promerente virtute, super spiritus illos rebelles atque protervos tam potestativum fuerat assecutus imperium, ut et ipsorum feroces protervias premeret et importunas violentias propulsaret.
TEXTO TRADUZIDO
9
1 Aconteceu que, uma vez, ele chegou a Arezzo, quando toda a cidade estava abalada por uma guerra interna que já ameaçava de perto uma ruína.
2 Hospedado num subúrbio, viu os demônios exultando sobre a cidade e atiçando os cidadãos perturbados para matarem uns aos outros.
3 Para afugentar aqueles sediciosos poderes aéreos, mandou adiante como um pregoeiro Frei Silvestre, homem da simplicidade de uma pomba, dizendo: “Vá diante da porta da cidade e, da parte de Deus onipotente, manda aos demônios que, em virtude da obediência, saiam rapidamente”.
4 O verdadeiro obediente apressou-se a cumprir o que o pai mandara e, chamando antes com louvores a atenção da face do Senhor, começou a clamar fortemente diante da porta da cidade: “Da parte de Deus onipotente, e por ordem de seu servo Francisco, ide para longe daqui, demônios todos!”.
5 A cidade voltou na mesma hora à paz, e os cidadãos todos reformaram em si com toda tranqüilidade os direitos da civilidade.
6 Expulsa, então, a soberba furibunda dos demônios que tinha cercado aquela cidade como num assédio, sobreveio a sabedoria do pobre, isto é, a humildade de Francisco, devolvendo a paz e salvando a cidade.
7 Pois pelos méritos da árdua virtude da obediência, o humilde tinha conseguido um domínio tão poderoso sobre aqueles espíritos rebeldes e malvados, que comprimiu suas ferozes maldades e desbaratou suas importunas violências.