TEXTO ORIGINAL
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1 Residente in sede beati Petri domino Gregorio Nono, quidam Petrus nomine de civitate Alifia, de haeresi accusatus, Romae captus est et de mandato eiusdem Pontificis, ad custodiendum traditus episcopo Tiburtino.
2 Quem sub poena episcopatus accipiens, compedibus alligavit obscuroque ipsum carcere, ne posset effugere, fecit includi, panem ei praebens in pondere et poculum in mensura (cfr. Ez 4,16).
3 Coepit autem homo ille beatum Franciscum ad sui miserendum multis precibus et fletibus invocare, eo quod audierat solemnitatis eius iam adesse vigiliam.
4 Et quoniam fidei puritate omnem abdicaverat haereticae pravitatis errorem totaque cordis devotione adhaeserat fidelissimo Christi servo Francisco, intercedentibus ipsius meritis, a Domino meruit exaudiri.
5 Instante enim iam nocte suae festivitatis, circa crepusculum beatus Franciscus in carcerem miseratus descendit et illum suo nomine vocans, ut cito surgeret, imperavit.
6 Qui timore perterritus (cfr. 1Par 10,4), quisnam esset, interrogans, beatum Franciscum adesse audivit.
7 Cumque virtute praesentiae viri sancti vincula pedum suorum confracta conspiceret cecidisse, et tabulas carceris clavis ultro prosilientibus aperiri, et apertum iter sibi ad exeundum praeberi: solutus tamen et obstupefactus fugere nesciebat, sed ad ianuam clamans, custodes omnes perterruit.
8 Qui cum eum liberatum a vinculis episcopo nuntiassent, post intellectum ordinem rei, ad carcerem pontifex devotus accessit, et manifeste Dei virtutem cognoscens, ibidem Dominum adoravit (cfr. Mar 5,30; Gen 24,26).
9 Vincula quoque coram domino Papa et cardinalibus delata fuerunt, qui, videntes quod factum fuerat (cfr. Luc 23,47), admirati plurimum benedixerunt Deum (cfr. Luc 23,47).
TEXTO TRADUZIDO
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1 Quando ocupava a sé de Pedro o senhor Gregório IX, um certo Pedro, da cidade de Alife, acusado de heresia, foi preso em Roma e, por ordem do mesmo pontífice, foi entregue ao bispo de Tívoli para ser guardado.
2 O bispo, que o recebeu sob pena de perder o bispado, acorrentou seus pés e fez com que fosse colocado dentro de um cárcere escuro, para não poder fugir, dando-lhe o pão estritamente pesado e a água dentro da medida.
3 Mas aquele homem começou a invocar o bem-aventurado Francisco com muitas preces e prantos, para que tivesse misericórdia dele, porque tinha ouvido que já era a vigília de sua solenidade.
4 E como pela pureza da fé já tinha abdicado de todo erro herético e aderira com toda devoção do coração a Francisco, fidelíssimo servo de Cristo, por intercessão de seus méritos, mereceu ser atendido pelo Senhor.
5 Aproximando-se já a noite de sua festa, na hora do crepúsculo o bem-aventurado Francisco desceu compadecido ao cárcere e, chamando-o pelo nome, mandou que se levantasse depressa.
6 Ele, com medo, perguntou quem era e ouviu que era o bem-aventurado Francisco que estava presente.
7 Como pela presença do homem santo visse cair quebrados os vínculos de seus pés, e as tábuas do cárcere se abriam porque os pregos saltavam sozinhos, deixando aberto o caminho para sair, ficou solto mas assustado, sem saber fugir, mas, gritando na janela, aterrorizou os guardas.
8 Quando eles anunciaram ao bispo que o prisioneiro estava solto das cadeias, depois que entendeu a ordem das coisas, o pontífice se apresentou devoto e, reconhecendo manifestamente a virtude de Deus, aí mesmo adorou a Deus.
9 Também as cadeias foram levadas diante do Senhor Papa e dos cardeais que, vendo o que acontecera, ficaram muito admirados e bendisseram a Deus.