Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • São Boaventura
  • Legenda Maior

TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - III,1

Caput III - De institutione Religionis et approbatione Regulae. 


1 In ecclesia igitur Virginis Matris Dei moram faciente servo ipsius Francisco et apud eam quae concepit Verbum plenum gratiae et veritatis (cfr. Ioa 1,14), continuis insistente gemitibus, ut fieri dignaretur advocata ipsius, meritis Matris misericordiae concepit ipse ac peperit spiritum evangelicae veritatis. 
2 Dum enim die quodam Missam de Apostolis devotus audiret, perlectum est Evangelium illud, in quo Christus discipulis ad praedicandum mittendis formam tribuit evangelicam in vivendo, ne videlicet possideant aurum vel argentum, nec in zonis pecuniam, nec peram in via, neque duas tunicas habeant, nec calceamenta deferant, neque virgam (cfr. Mat 10,9-10). 
3 Quod audiens et intelligens ac memoriae commendans, apostolicae paupertatis amicus indicibili mox perfusus laetitia:”Hoc est, inquit, quod cupio, hoc quod totis praecordiis concupisco”. 
4 Solvit proinde calceamenta de pedibus (cfr. Ex 3,5; Mar 1,7), deponit baculum, peram et pecuniam exsecratur, unaque contentus tunicula, reiecta corrigia, pro cingulo funem sumit, omnem sollicitudinem cordis apponens, qualiter audita perficiat et apostolicae rectitudinis regulae per omnia se coaptet.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - III,1

Capítulo 3 — Sobre a instituição da religião e a aprovação da regra. 


1 Portanto, quando morava na igreja da Virgem Mãe de Deus, seu servo Francisco insistia em contínuos gemidos junto daquela que concebeu o Verbo cheio de graça e de verdade, para que se dignasse tornar-se a sua advogada, e, pelos méritos da Mãe da misericórdia ele concebeu e deu à luz o espírito da verdade evangélica. 
2 Pois quando ouvia devoto, um dia, a Missa dos Apóstolos, foi lido aquele Evangelho em que Cristo deu, aos discípulos que deviam ser mandados para pregar, a forma evangélica de viver, isto é, que não deviam possuir ouro ou prata, nem dinheiro em seus cintos, nem uma bolsa para o caminho, nem duas túnicas, nem levar calçados, nem uma vara. 
3 Tendo ouvido, compreendido, guardado isso na memória, o amigo da pobreza apostólica ficou logo repleto de indizível alegria, dizendo: “É isso que eu quero, é isso que eu desejo com todas as fibras do coração”. 
4 Por isso soltou os calçados dos pés, depôs o bastão, execrou a bolsa e o dinheiro, e, ficando contente com uma única túnica pequena, rejeitou a correia e tomou uma corda como cíngulo, dirigindo toda solicitude do coração para pôr em prática o que ouviu e para se ajustar em tudo à regra de retidão apostólica.