Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Legenda Maior

TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - IX,5

5 
1 Ferventi quoque caritatis incendio gloriosum sanctorum Martyrum aemulabatur triumphum, in quibus nec amoris flamma exstingui, nec fortitudo potuit infirmari. 
2 Desiderabat propterea et ipse, illa perfecta caritate succensus, quae foras mittit timorem (cfr. 1Ioa 4,18), per martyrii flammam hostiam Domino se offerre viventem (cfr. Rom 12,1), ut et vicem Christo pro nobis morienti rependeret et ad divinum amorem ceteros provocaret. 
3 Sexto namque conversionis suae anno, desiderio martyrii flagrans, ad praedicandam fidem christianam et poenitentiam Saracenis et aliis infidelibus ad partes Syriae transfretare disposuit. 
4 Cumque navem quamdam, ut illuc tenderet, conscendisset, ventis contrariis (cfr. Mat 14,24; Mar 6,48) flantibus compulsus est in Sclavoniae partibus applicare. 
5 Cum igitur moram aliquamdiu contraxisset ibidem, nec invenire posset navem tunc temporis transfretantem: fraudatum se a suo desiderio sentiens, nautas quosdam Anconam tendentes, ut amore Dei eum secum ducerent, exoravit. 
6 Verum illis propter expensarum defectum pertinaciter recusantibus, vir Dei plurimum de Domini bonitate confisus, navem cum socio latenter conscendit. 
7 Affuit quidam a Deo, ut creditur, pro paupere suo missus, qui secum ferens necessaria victus, quemdam timentem Deum (cfr. Iob 1,1) de navi ad se vocatum sic allocutus est: 
8 ”Haec omnia pro pauperibus fratribus in navi latitantibus conserva fideliter ac necessitatis tempore (cfr.Sir 8,12) amicabiliter subministra!”. 
9 Sicque factum est, ut nautis propter vim ventorum per dies plurimos nusquam applicare valentibus, omnia ipsorum consumerentur cibaria, et sola pauperi Francisco collata desuper eleemosyna superesset. 
10 Quae cum esset permodica, tantum divina virtute suscepit augmentum, ut diebus pluribus in mari propter tempestatem continuam contrahentibus moram usque ad portum Anconae omnium necessitatibus plenarie subveniret. 
11 Videntes itaque nautae, per servum Dei multa se mortis evasisse discrimina, tamquam qui maris horrenda pericula senserant et miranda opera Domini viderant in profundo (cfr. Ps 106,24), gratias egerunt omnipotenti Deo (cfr. Sir 50,19), qui semper in suis amicis et servis mirabilem et amabilem se ostendit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - IX,5

5 
1 No fervoroso incêndio de sua caridade, emulava o triunfo dos santos mártires, nos quais não se extinguiu a chama do amor nem fraquejou a fortaleza. 
2 Por isso ele também desejava, inflamado naquela caridade perfeita, que joga fora o temor, oferecer-se como uma hóstia viva ao Senhor pela chama do martírio, para corresponder assim ao amor de Cristo, morto por nós na cruz, e para provocar os outros para o amor divino. 
3 Então, no sexto ano de sua conversão, ardendo de desejo do martírio, resolveu embarcar para a Síria para pregar a fé cristã e a penitência aos sarracenos e aos outros infiéis. 
4 Embarcou em um navio, querendo ir para lá, mas soprando ventos contrários, foi obrigado a desembarcar nas costas da Eslavônia. 
5 Como teve que demorar aí por algum tempo, e não pôde encontrar nesse tempo um navio para embarcar, sentiu-se defraudado em seu desejo, e pediu a alguns marinheiros que iam para Ancona que o levassem consigo por amor de Deus. 
6 Mas eles se recusavam teimosamente pela falta de pagamento, e o homem de Deus, muito confiado na bondade do Senhor Deus, subiu escondido para o navio com o seu companheiro. 
7 Apareceu alguém, crê-se que mandado por Deus em favor de seu pobre, que, levando consigo as provisões necessárias, chamou alguém do navio que temia a Deus e lhe disse: 
8 “Conserva fielmente tudo isso para os frades que estão escondidos no navio e, quando for a hora da necessidade, serve-os amigavelmente!”. 
9 Assim foi feito, que os marinheiros, por causa da força dos ventos, não conseguiram aportar por muitos dias, consumiram todo o seu alimento, sobrando apenas a esmola dada ao pobre Francisco. 
10 Ela era muito pequena, mas, por virtude divina, teve um aumento tão grande que por muitos dias, supriu plenamente a necessidade de todos que, por causa da tempestade contínua, tiveram uma demora no mar até chegar ao porto de Ancona. 
11 Quando os marinheiros viram que tinham escapado de muitos riscos de morte através do servo de Deus, -- como pessoas que tinham sentido os perigos horrendos do mar e tinham visto as admiráveis obras de Deus no profundo -- deram graças a Deus onipotente, que sempre se mostra admirável e amável para com seus amigos e servos.