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TEXTO ORIGINAL

Cronica de Frei Tomás de Eccleston - 115

115. Frater Augustinus, bonae memoriae fratris W. de Notyngham germanus, primo domini Innocentli papae quarti familiaris, postea cum nepote eiusdem domino patriarcha Antiocheno, in Syriam profectus, postremo episcopus Laodiciae factus est. Hic retulit publice in conventu Londoniae, se fuisse apud Assisium in festo sancti Francisci, et fuit ibi papa Gregorius, et cum procederet ad praedicandum, cantabant fratres: “Hunc sanctus praelegerat in patrem”, etc. et subrisit papa.

Narravit autem papa in illa praedicatione, qualiter apud Venetias duo haeresiarchae conversi sunt et missi ad ipsum cum literis cardinalium qui ibi erant legati, continentibus quod ambo illi haeretici una nocte eadem hora viderunt Dominum nostrum Jesum Christum quasi in forma iudicis sedere cum apostolis suis et omnibus ordinibus, qui sunt in mundo; sed fratres minores nusquam viderunt, sed nec sanctum Franciscum, quem quidam legatorum in praedicatione dixerat sancto Johanni evangelistae in stigmatum collatione praelatum. Viderunt autem ipsum Dominum Jesum reclinantem se in gremio Johannis, et ipsum vicissim in suo. Cumque pro certo crederent, hoc sibi ad confirmationem suae opinionis ostensum — siquidem blasphemasse putabant legatum, et inde graviter scandalizabantur et praedicationi detrahebant — ecce, dulcis Jesus aperuit manibus eius vulnus lateris sui et apparuit sanctus Franciscus infra pectus suum apertissime; et clausit dulcis Jesus vulnus et ipsum totaliter inclusit interius. Igitur expergefacti haeretici, cum in crastino sibi invicem obviassent, narraverunt sibi mutuo visionem, et cardinalibus publice confessi, ad papam, ut dictum est, missi sunt et ab ipso plene reconciliati.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Frei Tomás de Eccleston - 115

115. Frei Agostinho, irmão de Frei Guilherme de Nottingham, de feliz memória, foi no princípio familiar do senhor Papa Inocêncio IV; depois com seu sobrinho, o senhor patriarca de Antioquia, partiu para a Síria e, no fim, foi nomeado bispo de Laodicéia. Contou publicamente no Convento de Londres que esteve em Assis na festa de São Francisco e que o Papa Gregório esteve lá e, quando ele ia pregar, os frades cantavam: Hunc sanctus praeelegerat in patrem, etc. (“Este o santo pré-elegera como pai”); e o papa sorriu (37).

Nessa pregação, o papa contou como, em Veneza, dois heresiarcas se converteram e lhe foram enviados com cartas dos cardeais que aí eram legados. Disse que os dois hereges, numa noite, na mesma hora, viram Nosso Senhor Jesus Cristo como um juiz sentado com seus apóstolos e com todas as ordens que há no mundo; mas em nenhum lugar viram os Frades Menores nem São Francisco, que um dos legados numa pregação declarara ser preferido a São João Evangelista por causa da impressão dos estigmas. Viram o próprio Senhor Jesus reclinando-se no peito de João e este, por sua vez, reclinando-se no dele. Como tinham por certo que isso lhes fora mostrado para confirmação de sua opinião – pois julgavam que o legado tinha blasfemado, por isso estavam gravemente escandalizados e desacreditavam a pregação –, eis que o amado Jesus abriu com suas mãos a chaga de seu lado, e apareceu São Francisco de maneira muito clara dentro de seu peito. E o amado Jesus fechou a chaga e o guardou todo inteiro. Por isso, quando os hereges acordaram e, encontrando-se no outro dia, narraram um ao outro a visão e, depois de se terem confessado publicamente aos cardeais, foram enviados ao papa, como foi dito, e por ele plenamente reconciliados.