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TEXTO ORIGINAL

Cronica de Frei Tomás de Eccleston - 135

135. Quidam Johannes, in saeculo valde valens, utpote procerus statura, praeditus substantia, simplicissimus literatura, postquam indutus erat et professus, officium usque in senium complevit ianitoris. Hic, parum priusquam obiit, mortis suae horam certissime proclamavit, dicens se quadam nocte quasi montem altum debere iam ascendere. Sed cum usque ad medium manibus ac pedibus repsisset, lassusque desperavit ulterius proficere, ecce plures pueri cum tripudio et vultu nimis alacri clamaverunt de summitate: “Eya, frater Johannes, cur ibi figis gressum? Ascende!” Statimque alii ceperunt eum per brachia, alii per cordam, alii per manicas, et ad summitatem montis feliciter perducentes: “Credo” inquit, “quod parvuli et pauperes quos in Ianua refeceram de fratrum reliquiis cito me iuvabunt ad coelum pervenire”; et ita dicens mox tradebat spiritum manibus Salvatoris.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Frei Tomás de Eccleston - 135

135. Um certo João(48), de grande valor no mundo por ser muito alto e dotado de bens, mas muito simples por pouca cultura, depois que recebera o hábito e professara, executou até à velhice o oficio de porteiro. Pouco antes de morrer, anunciou com precisão a hora de sua morte, dizendo que tinha que escalar uma alta montanha em uma só noite. Depois de se ter arrastado até ao meio com as mãos e os pés, cansado, desesperou de ir adiante. Mas muitos meninos, dançando e com o rosto muito alegre, gritavam lá do alto: Vamos, Frei João, por que paraste aí? Sobe!”. E logo uns o tomaram pelos braços, outros pelo cordão, outros ainda pelas mangas, levando-o de maneira feliz ao cume da montanha. Disse ele: “Creio que os pequenos e pobres que eu alimentei à porta com os restos dos frades me ajudarão a chegar depressa ao céu”. Tendo dito isso, logo entregou o espírito nas mãos do Salvador.