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Processo de Canonização - Introdução

Conhecido apenas a partir de 1920, depois de descoberto por Frei Zeferino Lazzeri em Florença, este documento tem um valor extraordinário para nos dar a conhecer o ambiente em que Clara viveu e os testemunhos de quinze Irmãs e cinco leigos que depuseram em seu Processo de Canonização, feito logo depois de sua morte. De fato, foi de 24 a 29 de novembro de 1253, três meses e meio depois da morte de Clara, que essas pessoas puderam falar da mulher admirável com quem tinham convivido, em alguns casos por mais de quarenta anos e até mesmo durante os sessenta anos de vida de Clara, como é o caso da primeira testemunha.
As Irmãs parecem um tanto contidas pela formalidade do tribunal que as interroga, mas não deixam de dar preciosas informações, muito concretas, sobre a personalidade da santa. 
É interessante confrontar os seus testemunhos não só com a Legenda, mas principalmente com as pesquisas feitas no século passado por Arnaldo Fortini e que nos esclarecem sobre cada uma das testemunhas. Nós damos melhores informações sobre elas no Índice Onomástico, para onde vamos remetendo vez por vez. 
Para este site, copiamos o texto da Revista Archivum Franciscanum Historicum de 1920. Pareceu-nos útil que mais leitores tivessem acesso a essa interessante versão do século XIV, para que pudessem comprovar a fidelidade da tradução. 
É extraordinário termos esse Processo. Documentos desse tipo começaram a ser feitos no século anterior ao de Clara mas, como sua finalidade era apenas decidir se o santo devia ser canonizado, não costumavam ser arquivados. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o processo para a canonização de São Francisco. 
Providencialmente, houve alguém que resolveu fazer uma tradução do latim para o dialeto umbro para uso das Irmãs, e foi assim que uma cópia do século XV, levada por clarissas de Perusa para uma nova fundação em Florença, acabou chegando até nós. Foi achada na forma de trinta e quatro folhas encadernadas em um códice com uma miscelânea de outros documentos. Estava na biblioteca particular de Landau e devia ter vindo do mosteiro de Santa Maria Novella. Agora, passou para a Biblioteca Nacional de Florença, onde consta como o manuscrito 251 da Coleção Landau-Finaly. 
Os historiadores tinham alguma notícia desse Processo, dos fins do século XV e do começo do XVI, quando foi até utilizado para uma biografia de Clara. Mas as gerações passadas desconheceram as preciosas informações que parecem chegadas a nós em primeira mão. 
A bula que introduz o Processo também está guardada no original latino, no proto-mosteiro de Santa Clara, em Assis. Por ela sabemos que os encarregados receberam uma lista de perguntas, que não chegaram até nós. Mas são fáceis de adivinhar pelo contexto. Também não chegou até nós a relação dos milagres feitos por Santa Clara depois de sua morte. Talvez essa parte tenha sido perdida, mas nós podemos restitui-la pela Legenda e pela Bula de Canonização. 
Mesmo redigido como uma ata, o documento não esconde que todos já viam Clara como uma Santa e faziam o Processo como uma formalidade que precisava ser cumprida. 
A citação mais aceita do Processo é ProcC , seguida pelo número da testemunha. Nesta apresentação para a Internet, estamos usando a sigla seguida de dois números, separados por uma vírgula. O primeiro se refere à testemunha e o segundo ao parágrafo.