Os frades e seus superiores gostavam de saber os fatos maravilhosos realizados na vida de São Francisco. Celano apresentou muitos na sua Vida II, mas os irmãos continuaram a pedir mais. Ele conta que João de Parma, que foi feito ministro geral em 1247, lhe escreveu diversas vezes pedindo esses milagres. Foi por isso que publicou o "Tratado dos Milagres" (3Cel) entre os anos de 1250 e 1254.
O Tratado só é conhecido integralmente por um códice (que traz também a Vida II) encontrado em 1899 quando foi feito um leilão da Biblioteca de Baldassare Boncompagni e que está hoje no Instituto Histórico dos Capuchinhos. A primeira edição foi feita por Van Ortroy. Temos o texto em latim na AF X (1941), reeditado nas "Fontes Franciscani".
É um livro importante por mostrar como o culto de Francisco estava espalhado pela Europa poucos anos depois de sua morte. Mas, além de glorificar o Santo e seu movimento, documenta um momento histórico atribulado e difícil, em que a Ordem sofre ataques externos por parte do clero secular e ameaças internas pelas idéias joaquimistas.
Insiste em identificar Francisco com Cristo, falando especialmente dos estigmas e continua a mesma visão dos outros livros - a novidade de Francisco:
... repentinamente, despontou na terra um homem novo (cf. Ef 4,24) e ao súbito aparecimento de um novo exército, os povos se encheram de estupor diante dos sinais da renovada era apostólica (3Cel 1).