TEXTO ORIGINAL
12
1 Accurritur undique, et usque ad caelum clamoribus datis, innocentis mortem tota deplorat vicinia.
2 Et quia vitalis spiritus (cfr. Sap 15,11) adhuc erat in homine, consilium invaluit medicorum, ne cultellus de gutture traheretur.
3 Forte confessionis gratia id agebant, ut posset saltem vel signo aliquo confiteri.
4 Nocte igitur tota usque ad matutinalem horam ad sanguinem extergendum et vulnera colligenda medici laborantes, propter ictus multiplices et profundos, a cura, cum nihil proficerent, destiterunt.
5 Stabant fratres Minores cum medicis circa lectum, nimio dolore completi, amici exitum praestolantes.
6 Et ecce, campana fratrum pulsavit ad matutinum.
7 Audiens uxor illius campanam, gemebunda currit ad lectum: “Mi domine”, inquit, “surge velociter (cfr. Act 12,7), vade ad matutinum, quoniam tua campana te vocat!”.
8 Statim qui mori credebatur, ingeminato pectoris murmure, stridula utcumque verba balbutiens nitebatur emittere.
9 Et manum elevans contra infixum gutturi gladium, innuere alicui ut illum extraheret, videbatur.
10 Mirabile certe! Gladius a loco subito avolans, videntibus omnibus, usque ad ostium domus, quasi manu iactatus viri robustissimi, prosilivit.
11 Erexit se homo et perfecta sanitate incolumis, quasi a somno surgeret, mirabilia Domini enarravit (cfr. Ps 25,7).
TEXTO TRADUZIDO
12
1 Acorreu a vizinhança de todos lados e, levantando seus clamores até o céu, deplorou a morte do inocente.
2 Mas como ainda havia no homem o sopro da vida, prevaleceu o conselho dos médicos de não arrancar a faca da garganta.
3 Talvez tenham feito isso por causa da confissão, esperando que pudesse confessar-se por algum sinal.
4 Os médicos trabalharam durante toda a noite e até de manhã para limpar o sangue e curar os ferimentos, por causa dos golpes múltiplos e profundos mas, como não conseguiram nada, desistiram da cura.
5 Os frades menores estavam com os médicos ao lado da cama, tomados de uma dor enorme, à espera da morte do amigo.
6 Então, tocou o sino dos frades para as matinas.
7 Quando a mulher dele ouviu o sino, correu gemendo para a cama, dizendo: “Meu senhor, levanta-te depressa, vai para as matinas, porque o teu sino te chama!”.
8 Imediatamente, aquele que todos criam moribundo deu dois profundos suspiros e tentou balbuciar algumas palavras.
9 Levantando a mão para a espada cravada na garganta, parecia indicar a alguém que devia extraí-lo.
10 Que milagre! De repente a espada voou de onde estava e, diante de todos, foi se cravar na porta da casa como que lançada por um homem muito forte.
11 O homem levantou-se e, perfeitamente incólume, como se estivesse acordando, contou as maravilhas do Senhor.