TEXTO ORIGINAL
Caput XVIII - De quibusdam diversis miraculis.
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1 In Sabinensi dioecesi vetula quaedam octogenaria erat, quae duas filias prius habens, unius earum filium iam defunctae lactandum alteri commendavit.
2 Qua tandem et ipsa de marito concipiente, lac a mamillis defecit.
3 Nulla igitur erat quae orbato infantulo subveniret, nulla quae sitienti puero lactis stillicidium erogaret.
4 Cruciatur pro nepotulo querula anus, et extrema paupertate infelix, quo se vertere posset ignorat.
5 Debilitatur puer ac deficit, et simul cum eo avia compassione commoritur.
6 Circuit vetula per vicos (cfr. Cant 3,2) et domos, et nemo est a clamoribus liber.
7 Nocte quadam ad mitigandos vagitus arentia ubera in ore ponit infantis, et lacrimis plena beati Francisci consilium et iuvamen exposcit.
8 Statim adest innocentis amator aetatis, et solita pietate miseris miseretur: “Ego sum”, inquit, “Franciscus, o mulier, quem tantis lacrimis invocasti.
9 Pone”, ait, “mammas in ore pueruli, quoniam abundanter tibi lac Dominus dabit”.
10 Implet anus sancti mandatum, et statim octogenariae mammae lactis copiam fundunt.
11 Fit notum omnibus, quia fidem oculi faciunt, et replentur omnes stupore, dum curva senectus iuvenili calore virescit.
12 Accurrunt plurimi ad videndum; inter quos illius provinciae comes, quod rumori non credidit, experientia recognovit.
13 Nam super adstantem comitem et de facto huiuscemodi perquirentem rugosa vetula rivum lactis influxit et a se tali eum aspersione fugavit.
14 Benedicunt proinde omnes Dominum, qui facit mirabilia magna solus (cfr. Ps 102,20; 135,4) et servum eius sanctum Franciscum sedulo venerantur obsequio.
15 Crevit cito puer nutrimento mirabili, et aetatis suae in brevi iura transcendit.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 18 – Sobre diversos outros milagres.
182
1 Na diocese de Magliano Sabino, havia uma velhinha octogenária que tivera duas filhas. Uma delas, já morta, deixara um filho para a outra amamentar.
2 Mas essa ficou grávida de seu marido e ficou sem leite nas mamas.
3 Não havia, então, ninguém que socorresse o bebê, ninguém que desse ao menino sequioso uma gota de leite.
4 A velhinha sofria e se atormentava pelo netinho, e sofrendo de extrema pobreza, não sabia a quem recorrer.
5 O menino se enfraqueceu, desmaiava e a avó morria de compaixão com ele.
6 Andou pelos becos e casas mas ninguém a libertava de seus clamores.
7 Certa noite, para aplacar os vagidos colocou na boca da criança os seus peitos secos e, chorando, pediu a São Francisco conselho e ajuda.
8 Logo apareceu aquele que amava a idade inocente e, com a costumeira bondade, teve compaixão da pobre. Disse: “Eu sou Francisco, ó mulher, a quem invocaste com tantas lágrimas.
9 Põe as mamas na boca do bebê, porque Deus vai te dar leite abundante”.
10 A velha obedeceu a ordem do santo e na mesma hora os seios octogenários produziram muito leite.
11 O fato ficou conhecido por todos, porque era claramente visível e deixou todo mundo admirado de ver a encurvada velhinha reverdecer de calor juvenil.
12 Muitas pessoas foram ver e, entre elas, o conde daquela região, que não acreditou no que diziam mas teve que admitir por experiência.
13 De fato, a velhinha enrugada esguichou um rio de leite em cima do conde que seria saber do fato, fazendo-o fugir com essa aspersão.
14 Então todos bendisseram ao Senhor, o único que realiza maravilhas, e veneraram com devoto obséquio o seu servo Francisco.
15 O menino cresceu depressa com aquele alimento admirável e logo superou as condições de sua idade.