Tractatus de Miraculis (3Cel) - 4

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1 Modus autem apparitionis hic fuit. 
2 Duobus annis antequam spiritum redderet caelo, in eremitorio quod Alverna dicitur et est in provincia Tusciae, ubi devotae contemplationis secessibus iam iam totus caelesti gloriae (cfr. 2Tim 2,10) intendebat, vidit in visione (cfr. Ez 8,2.3) Seraph in cruce positum, sex alas habentem, supra se extensum, manibus et pedibus cruci affixum. 
3 Duae alae supra caput elevabantur, duae ad volandum extendebantur, duae vero totum velabant corpus (cfr. Is 6,2). 
4 Haec videns vehementer obstupuit, sed quid sibi vellet haec visio dum advertere nescit, mixtum moerore gaudium cor eius incurrit. 
5 Laetabatur in gratioso aspectu, quo a Seraph conspici se videbat, sed crucis affixio terrebat eumdem.
6 Sollicita mente revolvit, quid posset hoc oraculum designare, et ad concipiendum aliquem intellectum spi-ritus eius anxius reddebatur. 
7 Verum dum extra se circuiens, ab inventione defluit intellectus, protinus in seipso sibi ipsi manifestatur sensus. 
8 Statim enim coeperunt in manibus eius et pedibus apparere si-gna clavorum, quemadmodum paulo ante virum supra se viderat in aere crucifixum. 
9 Manus et pedes eius in ipso medio clavis confixae videbantur, clavorum capitibus in interiore parte manuum (cfr. Ioa 20,25) et superiore pedum apparentibus, et eorum acuminibus exsistentibus ex adverso. 
10 Erantque clavorum capita in manibus et pedibus rotunda et nigra, ipsorum vero acumina oblonga et repercussa, quae de ipsa carne surgentia carnem reliquam excedebant. 
11 Dextrum quoque latus, quasi lancea transfixum, rubra cicatrice obductum erat, quod saepe cum sanguinem emittebat, tunica et femoralia respergebantur sanguine sacro. 
12 Nam et angelicae puritatis homo Dei (cfr. 2Tim 3,17), Rufinus, eum semel filiali affectu scalperet sanctum patrem, manu illapsa plagam illam sensibiliter contrectavit. 
13 Ad cuius tactum sanctus Dei non modicum doluit, et manum a se repellens, ut ei Dominus parceret (cfr. Gen 19,16) acclamavit.

Tratado dos Milagres (3Cel) - 4

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1 O modo da aparição foi este. 
2 Dois anos antes de entregar o espírito ao céu, no eremitério chamado Alverne, na província da Toscana, onde já estava todo entregue ao retiro da contemplação da glória celeste, teve uma visão de um Serafim posto numa cruz, com seis asas e pairando sobre ele, com as mãos e os pés pregados na cruz. 
3 Duas asas elevavam-se acima da cabeça, duas se estendiam para voar, duas cobriam o corpo todo (cfr. Is 6,2). 
4 Quando viu isso ficou muito espantado mas, como não sabia o significado da visão, seu coração sentiu uma mistura de tristeza e de gozo. 
5 Alegrava-se pelo aspecto gracioso com que parecia ser olhado pelo Serafim, mas a crucificação o aterrorizava. 
6 Pôs-se a pensar profundamente no que aquele oráculo poderia significar, e seu espírito ficou ansioso por descobrir alguma coisa. 
7 Mas, enquanto dava voltas fora de si, perdeu a compreensão do que descobrira e nele se manifestou o sentimento. 
8 Pois logo começaram a aparecer em suas mãos e pés sinais de cravos, como vira um pouco antes no homem crucificado no ar. 
9 Suas mãos e pés dos pés (cfr. Jo 20,25), mas as pontas estavam do outro lado. 
10 As cabeças dos cravos, nas mãos e nos pés, eram redondas e negras, mas as pontas eram compridas e rebatidas, surgindo da própria carne e sobrando para fora do corpo. 
11 O lado direito também parecia perfurado por uma lança, atravessado por uma cicatriz que, muitas vezes, quando sangrava, molhava sua túnica e suas calças com o sangue sagrado. 
12 Pois Rufino, homem de Deus de pureza angélica, numa vez em que o estava coçando com filial afeto, escorregou a mão e apertou sensivelmente a chaga. 
13 Não foi pouco o que o santo de Deus sofreu com esse toque. Afastou de si a mão e pediu ao Senhor que o poupasse.