Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Tratado dos Milagres (3Cel)

TEXTO ORIGINAL

Tractatus de Miraculis (3Cel) - 11

11 
1 Ne non magnae alicuius fuisse virtutis sacra illa stigmata invictissimi Christi militis (cfr. 2Tim 2,3), praeter illud specialis praerogativae signaculum et supremi amoris privilegium quod totus mundus admirari non desinit, reputentur, quantum sint illa signa arma potentia Deo, per unum quod accidit in Hispania, in regno Castellae videlicet, evidentioris potest novitate miraculi comprehendi. 
2 Duo siquidem viri erant ab invicem diu inimicissima contentione iurgantes, quorum nulla amaritudini quies, nulla fervidarum iniuriarum esse poterat sempiterna sedatio, nec vel ad horam concepti doloris remedium quidem, nisi manu alterius alter morte crudelissima moreretur. 
3 Loricatus igitur uterque cum pluribus adverso frequentes ponebat insidias, cum non posset scelus in publicum exerceri. 
4 Accidit sero quodam, iam profundo exsistente crepusculo, virum quemdam vitae satis honestae, famaeque laudabilis, transire per viam in qua pro morte alteri inferenda alterius insidiae latitabant. 
5 Cumque hic ad orandum, sicut solitus erat, post horam completorii ad ecclesiam fratrum festinus accederet, quoniam beato Francisco tota erat devotione substratus, insurrexerunt filii tenebrarum in filium lucis (cfr. 1The 5,5), quem fore credebant aemulum illum suum dudum ad internecionem quaesitum. 
6 Quem ex omni parte letaliter gladiantes, seminecem reliquerunt. 
7 Sed ultimo crudelissimus hostis in illius gutture gladium profunde infixit, nec valens illum retrahere, in vulnere dereliquit.

TEXTO TRADUZIDO

Tratado dos Milagres (3Cel) - 11

11 
1 Para que não se julgue que os sagrados estigmas tenham sido apenas a marca de uma força daquele invencibilíssimo soldado de Cristo, além do sinal de uma prerrogativa especial ou de um privilégio do amor supremo, que o mundo inteiro não deixa de admirar, mas para que se veja como os sinais foram uma arma do poder de Deus, pode-se compreender a novidade mais evidente do milagre por um fato que aconteceu na Espanha, no reino de Castela. 
2 Viviam lá dois homens que mantinham uma infindável disputa, e sua amargura não encontrava sossego, não dava para acalmar suas ardorosas injúrias, nem arranjar remédio por uma hora que fosse, a não ser que um padecesse uma morte terrível pela mão do outro. 
3 Os dois andavam encouraçados e com muitos companheiros para armar ciladas um para o outro, porque não dava para cometer o crime em público. 
4 Uma noite, estando já bem escuro, aconteceu de passar um homem de vida muito honesta e de boa fama pelo caminho em que um tinha preparado uma emboscada para o outro. 
5 Ele ia indo depressa para a igreja dos frades, como costumava, para rezar depois da hora das completas, porque tinha muita devoção a São Francisco, quando se levantaram os filhos das trevas contra o filho da luz, que pensaram ser o inimigo que deviam matar. 
6 Traspassaram-no mortalmente por toda parte com suas espadas e o deixaram semimorto. 
7 No fim, o crudelíssimo inimigo cravou-lhe a espada profundamente na garganta e, não conseguindo arrancá-la, deixou-a na ferida.