Tractatus de Miraculis (3Cel) - 129

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1 Quia de blasphemo fecimus mentionem, occurrit quiddam utile recitatu. 
2 Miles quidam, Gineldus nomine, de Burgo in provincia Massae, beati Francisci operibus et miraculorum signis impudentissime detrahebat. 
3 Inferebat multa opprobria peregrinis ad ipsius memoriam venientibus et contra fratres publica insania garriebat. 
4 Cum autem die quadam luderet ad taxillos, vesania et incredulitate plenus, dixit ad circumstantes: “Si Franciscus est sanctus, octodecim puncta veniant in taxillis!”. 
5 Mox triplicatus senarius in taxillis apparuit, et usque ad novem vices quolibet suo iactu ter senos accepit. 
6 Non quievit insanus, peccatum peccato addidit et blasphemiam blasphemiae cumulavit: 
7 “Si verum est”, inquit, “quod Franciscus iste sit sanctus, gladio cadat hodie corpus meum; si vero sanctus non est, evadam incolumis!”. 
8 Non distulit ira Dei (cfr. Ps 77,21.23), quin divino iudicio fieret eius oratio in peccatum (cfr. Ps 108,7)! 
9 Ludo finito, cum nepoti suo inferret injuriam, accepit ille gladium et patrui visceribus cru-entavit. 
10 Eo die mortuus est sceleratus, inferni mancipium factus et filius tenebrarum (cfr. 1The 5,5). 
11 Timeant blasphemantes, nec putent cum aere verba transire, nec sanctorum iniuriis deesse ultorem.

Tratado dos Milagres (3Cel) - 129

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1 Já que falamos de um blasfemo, lembro outra coisa boa de contar. 
2 Um cavaleiro chamado Gineldo, de Borgo, na província de Massa, falava muito mal das obras e milagres de São Francisco. 
3 Dirigia muitos opróbrios aos peregrinos que vinham recordá-lo e gritava contra os frades. 
4 Um dia, estava jogando dados e, cheia de doidice e incredulidade, disse aos que estavam com ele: “Se Francisco é santo, quero fazer 18 pontos nos dados!”. 
5 Logo apareceram três números seis nos dados, e o mesmo aconteceu nove vezes que jogou os dados. 
6 O doido não se contentou, juntou mais um pecado ao pecado e continuou a blasfemar: 
7 “Se é verdade que Francisco é esse santo, que caia uma espada hoje no meu corpo: se ele não for santo, vou sair incólume!”. 
8 Não tardou a ira de Deus, e pelo juízo divino sua oração se lhe imputada como pecado. 
9 Acabado o jogo, como ofendeu um sobrinho, o rapaz pegou uma espada e a cravou nas vísceras do tio. 
10 O celerado morreu naquele mesmo dia, tornando-se escravo do inferno e filho das trevas. 
11 Os blasfemos devem temer, e não pensem que as palavras voam com o vento ou que falta quem castigue as injúrias feitas aos santos.