TEXTO ORIGINAL
PROLOGUS
In nomine Domini nostri Iesu Christi. Amen. Generali ministro ordinis fratrum Minorum.
Incipit Prologus.
1
1 Placuit sanctae universitati olim capituli generalis et vobis, reverendissime pater, non sine divini dispensatione consilii, parvitati nostrae iniungere, ut gesta vel etiam dicta gloriosi patris nostri Francisci nos, quibus ex assidua conversatione illius et mutua familiaritate plus caeteris diutinis experimentis innotuit, ad consolationem praesentium et posterorum memoriam scriberemus.
2 Obedire propterea iussionibus sanctis, quas fas non est ullatenus praeterire, supplici devotione concurrimus;
3 sed, virium nostrarum propensiore meditatione infirmitatis, iusto timore percutimur, ne tam digna materia, non prout exigit pertractata, contrahat a nobis quod displiceat caeteris.
4 Haec enim, quae totius suavitatis sunt digna sapore (cfr. Sap 16,20), formidamus ne ministrantium indignitate reddantur insipida, sicque praesumptioni potius id tentasse quam obedientiae imputetur.
5 Nam si tanti huius laboris effectus benevolentiae vestrae, beate pater, tantum spectaret examen, nec esset ad aures publicas opportunum prodire, sumeremus gratissime aut de correctione doctrinam aut de adstipulatione laetitiam.
6 Quis enim, in tanta diversitate verborum et actuum, lance subtilis examinis valeat sic cuncta pensare, ut omnium auditorum sit de singulis una sententia (cfr. 2Mac 14,20)?
7 Sed quoniam omnium et singulorum simplici animo lucra conquirimus, hortamur, ut benigne interpretentur qui legunt, sicque referentium simplicitatem supportent vel dirigant, ut eius de quo fit sermo, reverentia illaesa servetur.
8 Memoria nostra velut hominum rudium, temporis prolixitate obtusa, fugas subtilium verborum eius et factorum stupenda praeconia nequit attingere, quae mentis exercitatae velocitas etiam coram posita comprehendere vix valeret.
9 Excuset igitur apud omnes nos-trae imperitiae culpas repetita multoties praecipientis auctoritas.
TEXTO TRADUZIDO
PRÓLOGO
Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Ao ministro geral da Ordem dos Frades Menores.
Começa o prólogo.
1
1 Reverendíssimo Padre, aprouve à santa universalidade do passado capítulo geral e a vós, não sem disposição da vontade divina, confiar à nossa pequenez escrever os atos e até os ditos de nosso Pai Francisco, para consolação dos presentes e memória dos futuros. Tivemos o privilégio, mais que outros, de um conhecimento direto, por convivência assídua e mútua familiaridade com ele.
2 Apressamo-nos por isso a obedecer com devoção a esse santo mandato, pois dele não poderíamos furtar-nos, de maneira alguma.
3 Mas, pensando melhor na propensão que nossas forças têm para a fraqueza, temos justificado receio de que tão importante assunto, deixando de ser tratado como deve, desagrade aos outros por nossa culpa.
4 Pois tememos que essas coisas, que são merecedoras do sabor de toda suavidade se tornem insípidas pela incapacidade de quem o prepara e possam dizer que o fizemos mais por presunção que por obediência.
5 Se o resultado de todo este trabalho devesse ser apresentado somente à vossa benevolência, bem-aventurado pai, e não ao público, receberíamos com prazer tanto as correções como uma agradável aprovação.
6 Quem conseguirá, nessa profusão de atos e palavras, ponderar todas as coisas com o cuidado suficiente para que todos os ouvintes aceitem com um só pensamento tudo que for dito?
7 Entretanto, como somos simples, buscando apenas o proveito de todos e de cada um, pedimos aos leitores que nos julguem com bondade e perdoem ou corrijam essa simplicidade do narrador, de maneira que saia ilesa a reverência devida àquele de quem estamos falando.
8 Nossa memória, prejudicada pelo tempo como a das pessoas incultas, tem dificuldade para dominar as alturas de suas palavras ou a extraordinária excelência de seus feitos, o que seria difícil mesmo para a acuidade de uma inteligência exercitada, mesmo diante dos fatos.
9 Por isso, desculpe-nos diante de todos pelas falhas da nossa imperícia a autoridade de quem insistentemente nos mandou fazer este trabalho.