TEXTO ORIGINAL
Caput CXXXV - De fratribus Hispanis.
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1 Nonnumquam mente Deo excedebat (cfr. 2Cor 5,13) miro modo, iubilabat in spiritu vir iste sanctissimus, quoties bonus odor (cfr. 2Cor 2,15) ad ipsum progrediebatur de filiis.
2 Contigit quemdam Hispanum, Deo devotum clericum, perfrui aliquando visione et allocutione sancti Francisci.
3 Qui inter alia de fratribus, qui in Hispania erant, tali sanctum laetificavit relatu:
“Fratres”, inquit, “tui, in terra nostra pauperculo quodam eremitorio commorantes, ita vivendi modum sibi statuerant, ut media pars domesticis curis intenderet, media contemplationi vacaret.
4 Hoc modo qualibet hebdomada in contemplativam activa transibat, et contemplantium quies ad laborum exercitia recurrebat.
5 Die quadam posita mensa, signoque vocatis absentibus, omnes praeter unum conveniunt, qui de contemplantibus erat.
6 Post exspectationem aliquantulam itur ad cellam, ut ad mensam vocetur, cum profusiore ille mensa reficiebatur a Domino.
7 Siquidem humi prostratus in faciem (cfr. Tob 12,22), in modum crucis reperitur extensus, nec anhelitu nec motu quod vivus esset apparens.
8 Ardebat ad caput eius et pedes binum candelabrum, quae rutilo fulgore cellam miro modo lustrabant.
9 Dimittitur in pace (cfr. Luc 2,29), ne molesti essent unctionis, ne suscitarent dilectam, quousque ipsa vellet (cfr. Cant 2,7).
10 Rimantur proinde fratres per cellae foramina, stantes post parietem et respicientes per cancellos (cfr. Cant 2,9).
11 Quid plura? Dum eam quae habitabat in hortis auscultarent amici (cfr. Cant 8,13), subito, lumine disparente, redit frater in hominem.
12 Surgit protinus, et ad mensam veniens, culpam dicit de mora.
13 Sic”, inquit ille Hispanus, “in terra nostra evenit”.
14 Non se poterat prae gaudio capere sanctus Franciscus, tali respersus filiorum odore (cfr. Gen 27,27).
15 Subito surrexit in laudem, et quasi haec sola sibi gloria foret (cfr. 2Cor 1,12), audire bona de fratribus, plenis eructavit visceribus:
16 “Gratias tibi ago (cfr. Luc 18,11), Domine, pauperum sanctificator et rector, qui me de fratribus meis tali laetificasti auditu!
17 Benedic, precor, illos fratres benedictione largissima, et omnes qui per bona exempla redolere faciunt professionem suam domo speciali sanctifica!”.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 135 - Sobre os frades espanhóis.
178
1 Às vezes, este homem santíssimo arrebatava a mente para Deus e se rejubilava no espírito quando o bom odor de seus filhos chegava até ele.
2 Aconteceu que um espanhol, clérigo devotado a Deus, teve uma vez a alegria de fazer uma visita e de conversar com São Francisco.
3 O qual, entre outras coisa sobre os frades que estavam na Espanha, alegrou o santo com este relato:
“Em nossa terra, os teus frades moram em um eremitério pobrezinho e organizaram a vida de maneira que metade deles cuida dos trabalhos domésticos e metade se entrega à contemplação.
4 Desse modo, cada semana os que estavam na atividade passam para a contemplação, e os contemplativos substituem o recolhimento pelos trabalhos”.
5 “Certo dia, posta a mesa e dado o sinal para chamar os ausentes, compareceram todos menos um, que era dos contemplativos.
6 Depois de esperar um pouquinho, foram à sua cela chamá-lo para comer, apesar de estar sendo servido pelo Senhor numa mesa muito mais rica”.
7 “Encontraram-no prostrado no chão sobre o rosto, estendido em forma de cruz, sem demonstrar que estava vivo por movimento nenhum, nem respiração.
8 Duas velas ardiam a seus pés e junto da cabeça, iluminando admiravelmente a cela”.
9 “Deixaram-no em paz para não perturbar sua unção, ‘para não acordar a esposa enquanto ela não quisesse’.
10 Os frades ficaram espiando pelos buracos da cela, ‘ficando atrás da parede e olhando pela fechadura .
11 Que mais? Enquanto ‘os amigos auscultavam aquela que morava nos jardins’, a luz desapareceu de repente e o frade voltou a si.
12 Levantou-se depressa, foi à mesa e deu sua culpa por causa do atraso”.
13 “Isso aconteceu em nossa terra”, disse o espanhol.
14 São Francisco não se aguentava de alegria, inebriado com esse perfume de seus filhos.
15 Levantou-se imediatamente para louvar e, como se sua única glória fosse essa de ouvir coisas boas sobre os frades, falou do plenitude de seu coração:
16 “Dou-vos graças, Senhor, que sois o santificador e o guia dos pobres, que me alegrastes por esta notícia a respeito de meus irmãos!
17 Eu vos peço que abençoeis com a maior bênção aqueles frades e que santifiqueis com um dom especial todos os que valorizam sua profissão pelos bons exemplos!”