Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 7

Caput III - Qualiter eum iuvenum turba, ut eos pasceret, suum dominum statuit, et de sua mutatione.


1 Incipit transformari in virum perfectum (cfr. Eph 4,13), et alter ex altero fieri. 
2 Regressus igitur domum, sequuntur eum filii Babylonis (cfr. Ez 23,27), et alio tendentem trahunt ad alia vel invitum. 
3 Nam iuvenum turba civitatis Assisii, quae ipsum olim habuerat suae vanitatis praeambulum, addit adhuc eum ad socialia prandia invitare, in quibus lasciviae semper et scurrilitati servitur. 
4 Eligitur ab eis in ducem, experta saepius liberalitate ipsius, qua indubitanter sciebant ipsum expensas pro omnibus soluturum. 
5 Obedientes se faciunt, ut impleant ventrem (cfr. Luc 15,16), et patiuntur subici, ut valeant saturari. 
6 Non respuit oblatum decus, ne notetur avarus, et inter meditationes sacras curialitatis est memor. 
7 Sumptuosum praeparat prandium, cibaria sapida duplicat, quibus repleti ad vomitum (cfr. Is 28,8; Prov 26,11), plateas civitatis (cfr. Gen 10,11) ebriis cantilenis commaculant. 
8 Sequitur Franciscus, ut dominus manibus baculum (cfr. Ex 12,11) gestans; sed paulatim ab eis se corpore subtrahit, qui mente iam tota (cfr. Mat 22,37) totus ad illa surduerat, corde Domino canens (cfr. 1Par 23,30). 
9 Tanta, ut idem retulit, tunc fuit dulcedine divina perfusus, ut effari non valens, penitus de loco moveri non posset. 
10 Quaedam eum pervasit tunc affectio spiritualis, ipsum ad invisibilia raptans, cuius virtute terrena omnia nullius esse momenti sed penitus frivola iudicavit. 
11 Stupenda revera Christi dignatio, quae agentibus infima maxima donat (cfr. 2Pet 1,4), et in diluvio aquarum multarum (cfr. Ps 31,6) quae sua sunt servat (cfr. Ioa 17,10.12) et promovet. 
12 Pavit enim Christus panibus et piscibus turbas (cfr. Mat 14,15-21), nec repulit a suo prandio peccatores. 
13 Quaesitus ab eis in regem, iniit fugam et montem oraturus ascendit (cfr. Mat 14,23; Ioa 6,15). 
14 Mysteria sunt Dei (cfr. Col 2,2), quae Franciscus assequitur, et ad perfectam scientiam (cfr. Iob 22,2) etiam ignorans adducitur.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 7

Capítulo 3 - Como o grupo dos jovens colocou-o como seu senhor, para que os alimentasse, e sobre sua transformação.


1 Começou a transformar-se num homem perfeito (cfr. Ef 4,13) e passou a ser outra pessoa. 
2 De volta para casa, foi seguido pelos filhos de Babilônia, que tentavam levá-lo para onde não queria, mesmo contra sua vontade. 
3 Porque um grupo de jovens de Assis, que antes o tinha tido como líder de suas aventuras, continuou a convidá-lo a seus banquetes, em que sempre se serviam lascívia e chocarrices. 
4 Escolheram-no como chefe, porque tinham tido mais vezes experiência de sua liberalidade e não tinham dúvida de que pagaria as despesas de todos. 
5 Obedeciam para encher a barriga e se submetiam para poder saciar-se. 
6 Não rejeitou a honra que lhe ofereciam para não parecer avarento e, mesmo absorvido em suas santas reflexões, não esqueceu a cortesia. 
7 Preparou um banquete suntuoso e mandou servir iguarias em abundância. Saturados a ponto de vomitar, mancharam as praças da cidade com suas canções de bêbados. 
8 Francisco acompanhava-os como comandante levando o cetro na mão, mas, devagar, foi se distanciando deles no corpo, ele que que já tinha ficado surdo àquelas coisas com toda a mente, cantando ao Senhor em seu coração. 
9 Como ele mesmo contou, foi tamanha a doçura divina que sentiu nessa ocasião, que não conseguia falar e mal podia mover-se do lugar. 
10 Invadira-o um afeto espiritual que o arrebatou para as realidades invisíveis, diante das quais achou que todas as coisas da terra eram absolutamente frívolas, sem valor nenhum. 
11 Estupenda bondade de Deus, que aos que fazem as coisas menores dá as maiores, e no meio de um dilúvio de águas caudalosas (cfr. Sl 31,6) preserva e promove o que é seu. 
12 Cristo alimentou com pães e peixes a multidão e não repeliu os pecadores de sua mesa. 
13 Convidado para ser rei, fugiu e subiu à montanha para rezar. 
14 São mistérios de Deus, que Francisco entendeu e que, embora ignorante, foi levado ao conhecimento perfeito.