TEXTO ORIGINAL
Caput LXXXVI - Tentamenta quae passus est in quodam loco solitario et de visione cuiusdam fratris.
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1 Devenit aliquando sanctus cum socio ad ecclesiam quamdam longe ab habitatione sitam, et solitariam orationem offerre (cfr. Tob 12,12) cupiens, admonet socium dicens: “Vellem, frater, hic solus hac nocte manere.
2 Vade ad hospitale et ad me summo mane revertere!”.
3 Cum ergo solus persisteret orationes longas ac devotissimas Domino fundens (cfr. Ps 141,3; Mat 23,14), circumspicit tandem, ubi caput ad dormiendum reclinet (cfr. Mat 8,20).
4 Et subito turbatus spiritu (cfr. Ioa 13,21), pavere et taedere coepit (cfr. Mar 14,33), corpore vero ex omni parte contremere.
5 Sentiebat liquido contra se diabolicas impugnationes, super tectum vero domus catervas daemonum cum strepitu discurrentes.
6 Surrexit itaque protinus, et egressus foras (cfr. Mat 26,75), crucis signaculum fronti imprimens dixit: “Ex parte omnipotentis Dei (cfr. Apoc 16,14), dico vobis, daemones, ut quidquid vobis permissum est, in meo corpore faciatis.
7 Libens sustineo, quia cum maiorem inimicum non habeam corpore, vindicabis me de adversario (cfr. Luc 18,3) meo, dum in ipso vice mei exercebitis ultionem (cfr. Num 33,4)”.
8 Itaque qui propter spiritum deterrendum convenerant, spiritum promptiorem in carne infirma (cfr. Mat 26,41) cernentes, pudore confusi (cfr. Ps 70,13) protinus evanescunt.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 86 – Tentações que sofreu em um lugar solitário e sobre a visão de um irmão.
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1 Chegou uma vez o santo, com um companheiro, a uma igreja situada longe das casas, e desejando oferecer a oração sozinho, admoestou o companheiro dizendo: “Irmão, gostaria de ficar sozinho aqui nesta noite.
2 Vai para o hospital e volta a mim amanhã cedinho!”
3 Depois de ter passado muito tempo sozinho, em devotíssimas e longas orações que derramou para o Senhor, olhou ao redor procurando um lugar para reclinar a cabeça e dormir.
4 Mas, de repente, perturbado no espírito, começou a ter medo e fastio, tremendo no corpo por todo lado.
5 Sentia com clareza os ataques diabólicos e ouvia bandos de demônios correndo ruidosamente por cima do telhado.
6 Levantou-se imediatamente, foi para fora e, fazendo o sinal da cruz na fronte, disse: “Da parte de Deus todo-poderoso eu vos digo, demônios, que façais em meu corpo tudo que vos tenha sido permitido.
7 Suportarei de boa vontade porque, não tendo maior inimigo que meu próprio corpo, vingando-se de mim havereis de vingar-me de meu adversário”.
8 Por isso, eles, tinham se ajuntado para afastar o espírito, vendo um espírito mais pronto na carne debilitada, confundidos de vergonha, desapareceram de uma vez.