TEXTO ORIGINAL
Caput XCII - Qualiter corpus tractandum est, ut non murmuret.
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1 Dixit etiam aliquando sanctus: “Fratri corpori cum discretione providendum est, ne ab eo tempestas commoveatur acediae.
2 Ut enim non taedeat ipsum vigilare et reverenter in oratione persistere (cfr. Tob 3,11), tollatur ei occasio murmurandi.
3 Diceret enim: ‘Fame deficio (cfr. Lam 2,19), tui exercii sarcinam ferre non valeo’.
4 Quod si postquam sufficientem vorasset annonam, talia mussitaret, scito pigrum iumentum indigere calcaribus, et inertem asellum stimulum exspectare”.
5 Hoc solo documento dissona fui manus a lingua in patre sanctissimo.
6 Corpus enim suum utique innocens flagellis et penuriis subigebat, multiplicans ei vulnera sine causa (cfr. Prov 23,29).
7 Nam et calor spiritus ita iam levigaverat corpus, ut anima sitiente in Deum, sitiret et quam multipliciter caro (cfr. Ps 62,2) illa sanctissima.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 92 - Como se deve tratar o corpo, para que não se queixe.
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1 Uma vez, o santo também disse: “Devemos cuidar discretamente do irmão corpo, para que não levante a tempestade da tristeza.
2 Para que não se enjoe de vigiar e possa perseverar devotamente em oração, tiremos-lhe as oportunidades de se queixar:
3 Pois diria: ‘Estou morrendo de fome, não aguento o peso de teu exercício’.
4 Mas, se vier com essas queixas depois de ter devorado uma ração suficiente, podeis saber que o jumento vagabundo está precisando de esporas, e que o burrinho empacado está esperando chicote”.
5 Só neste ponto o santíssimo pai foi incoerente entre o que disse e o que fez.
6 Porque submeteu seu corpo inocente com pancadas e privações, multiplicando seus ferimentos sem necessidade.
7 Porque o ardor de seu espírito já tinha tornado tão leve seu corpo que, quanto mais sua alma tinha sede de Deus, maior era a mesma sede também em sua carne santificada.