TEXTO ORIGINAL
Caput XCVII - Verba contra se laudantes.
134
1 Dicebat autem fratribus saepe: “De omni eo quod peccator potest, nemo sibi debet iniquo plausu blandiri.
2 Peccator”, ait, “ieiunare potest, orare, plangere, carnem propriam macerare.
3 Hoc vero non potest: Domino suo fidelis exsistere.
4 Itaque in hoc gloriandum est, si suam Deo gloriam reddimus (cfr. Sir 35,10; Ioa 9,24), si fideliter servientes, ipsi quidquid donat adscribimus.
5 Maior hominis inimicus caro est; nihil recogitare novit ut doleat, nihil ut timeat praevidere.
6 Studium eius abuti praesentibus.
7 Quod autem peius est, ipsa”, inquit, “sibi usurpat, ipsa in suam gloriam transfert quod non sibi, sed animae datum est.
8 Ipsa de virtutibus laudem, de vigiliis et orationibus favorem carpit extrinsecum.
9 Nihil animae relinquens, quaerit et de lacrimis obolum”.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 97 - Palavras contra os que o louvavam.
134
1 Dizia muitas vezes aos irmãos: “Ninguém deve felicitar-se iniquamente por coisas que qualquer pecador pode fazer.
2 Um pecador pode jejuar, rezar, chorar, castigar a própria carne.
3 Mas isto não pode: ser fiel ao seu Senhor.
4 Disso é que podemos nos gloriar: se prestamos a Deus a glória devida, se o servimos com fidelidade e reconhecemos como seu tudo que nos deu.
5 O maior inimigo do homem é a carne: não aprendeu a pensar em nada que cause arrependimento, nem a prever as coisas que deve temer.
6 Sua preocupação é abusar das coisas presentes.
7 E o que é pior: apropria-se e se gloria do que foi dado para a alma, e não para ela.
8 Quer ser elogiada por suas virtudes e granjear o reconhecimento dos outros por suas vigílias e orações.
9 Sem deixar nada para a alma, exige até a esmola das lágrimas”.