Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 106

Caput LXXII - De gladiis quos vidit frater Pacificus in ore sancti fulgentes.

106 
1 Erat in Marchia Anconitana saecularis quidam, sui oblitus et Dei nescius, qui se totum prostituerat vanitati. 
2 Vocabatur nomen eius Rex versuum, eo quod princeps foret lasciva cantantium et inventor saecularium cantionum. 
3 Ut paucis dicam, usque adeo gloria mundi extulerat hominem, quod ab imperatore fuerat pomposissime coronatus. 
4 Cum itaque sic in tenebris ambulans (cfr. Ioa 8,12) iniquitatem traheret in funiculis vanitatis (cfr. Is 5,18), miserata divina pietas miserum co-gitat revocare, ne pereat qui abiectus erat (cfr. 2Re 14,14). 
5 Occurrunt sibi invicem divina providentia (cfr. Sap 5,17) beatus Franciscus et ipse ad quoddam monasterium pauperum inclusarum. 
6 Venerat illuc beatus pater ad filias cum sociis suis; venerat ille ad quamdam suam consanguineam cum sodalibus multis. 
7 Facta autem manu Dei super (cfr. Ps 79,18) illum, videt corporeis oculis sanctum Franciscum duobus transversis ensibus valde fulgentibus in modum crucis signatum, quorum unus a capite ad pedes, alius a manu in manum per pectus transversaliter tendebatur.
8 Non noverat ipse beatum Franciscum, sed tanto monstrato miraculo, mox cognovit eumdem. 
9 Subito autem stupefactus ad visum, incipit vel in longum meliora proponere. 
10 Beatus vero pater cum primo praedicaret communiter omnibus, gladium verbi Dei (cfr. Heb 4,12) transvertit in hominem. 
11 Seorsum namque de saeculi vanitate et mundi contemptu dulciter commonet illum, ac deinde transverberat cor illius divina comminando iudicia. 
12 Respondit ille continuo: “Quid opus est plura serere verba? Veniamus ad facta. Tolle me ab hominibus et Magno me Imperatori restitue!”. 
13 Altera die induit eum sanctus, et ad Domini pacem (cfr. Is 26,12; Ps 84,9) reductum fratrem Pacificum nominavit. 
14 Huius conversio eo magis aedificatoria fuit multorum, quo latior fuerat vanorum turba sodalium. 
15 Gaudens societate beati patris, frater Pacificus sentire incipit quas nondum senserat unctiones. 
16 Iterato namque videre permittitur quod aliis velabatur. 
17 Aspexit enim post pauca magnum signum Thau super frontem (cfr. Ez 9,4; Apoc 7,3) beati Francisci, quod diversicoloribus circulis pavonis pulchritudinem praeferebat.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 106

Capítulo 72 - Sobre as espadas brilhantes que Frei Pacífico viu na boca do santo.

106 
1 Havia na Marca de Ancona um secular que, esquecido de sua salvação e ignorante de Deus, entregara-se totalmente à vaidade. 
2 Chamavam-no “Rei dos Versos”, porque se projetara como cantor de coisas desavergonhadas e compositor de canções mundanas. 
3 Resumindo: Ficou tão famoso nas glórias deste mundo, que chegou a ser coroado com toda a pompa pelo próprio imperador. 
4 Enquanto assim caminhava nas trevas e arrastando a iniquidade nas rédeas da vaidade, a bondade divina teve compaixão dele e resolveu chamá-lo para que não viesse a perecer abandonado. 
5 Por providência divina, encontraram-se em um mosteiro de pobres reclusas ele e o bem-aventurado Francisco. 
6 O bem-aventurado pai fora com seus companheiros para visitar suas filhas; o cantor fora com muitos colegas visitar uma parenta. 
7 A mão de Deus pousou sobre ele, que viu com seus olhos corporais São Francisco assinalado por duas espadas refulgentes e cruzadas, uma da cabeça aos pés e outra atravessando o peito, de uma mão à outra. 
8 Não conhecia São Francisco mas, depois de tão surpreendente milagre, identificou-o imediatamente. 
9 Espantado pelo que tinha visto, começou imediatamente a fazer bons propósitos, ainda que para o futuro. 
10 Mas o bem-aventurado pai, por sua vez, tendo pregado primeiro a todos em comum, traspassou o homem com a espada da palavra de Deus. 
11 Admoestou-o com bondade a respeito da vaidade do mundo e do seu desprezo, e terminou cravando seu coração com a ameaça dos julgamentos de Deus. 
12 O cantor respondeu na mesma hora: “Para que mais palavras? Vamos aos fatos. Tira-me do meio dos homens e devolve-me ao grande imperador!” 
13 No dia seguinte o santo lhe deu o hábito e, porque tinha voltado para a paz do Senhor, chamou-o de Frei Pacífico. 
14 Essa conversão teve enorme repercussão, porque seus admiradores eram inúmeros. 
15 Gozando da companhia do bem-aventurado pai, Frei Pacífico começou a ter consolações que nunca tivera. 
16 Teve a permissão de ver , diversas vezes, coisas que estavam veladas para os outros. 
17 Pouco tempo depois um grande sinal Tau sobre a fronte do bem-aventurado Francisco, com círculos multicores, bonito como um pavão.