Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Tomás de Celano
  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 148

Caput CIX - De humilitate ipsius ad sanctum Dominicum et e converso, et mutua caritate ipsorum.

148 
1 In Urbe cum domino Ostiensi, qui postea Summus Pontifex fuit, clara illa luminaria orbis aderant, sanctus Dominicus et sanctus Franciscus. 
2 Et cum meliflua vicissim de Domino eructarent, dixit tandem episcopus illis: “In Ecclesia primitiva pastores Ecclesiae pauperes erant et homines caritate, non cupiditate ferventes. 
3 Cur”, inquit, “non facimus de vestris fratribus episcopos et praelatos, qui documento et exemplo (cfr. Tit 2,7) caeteris preavalent?”. 
4 Fit inter sanctos de respondendo contentio (cfr. Luc 22,24), non praeripientibus sed offerenti-bus, quin immo sese cogentibus ad responsum. 
5 Siquidem uterque prior erat alterius, dum uterque devotus in alterum. 
6 Vicit tandem humilitas Franciscum, ne se praeponeret, vicit et Dominicum, ut prius respondendo, humiliter obediret. 
7 Respondens ergo beatus Dominicus, dixit episcopo: “Domine, gradu bono, si cognoscunt, sublimati sunt fratres mei, nec pro meo posse permittam, ut aliud assequantur specimen dignitatis”. 
8 Haec itaque sic breviter perorante, inclinans se beatus Franciscus coram episcopo dixit: “Domine, Minores ideo vocati sunt fratres mei, ut maiores fieri (cfr. Mat 20,26) non praesumant. 
9 Docet vocatio in plano subsistere, et humilitatis Christi sequi vestigia (cfr. 1Pet 2,21), quo tandem in respectione sanctorum (cfr. Sap 3,13) plus aliis exaltentur. 
10 Si vultis”, ait, “ut fructum afferant (cfr. Ioa 15,2.8) in Ecclesia Dei (cfr. Phip 3,6), tenete illos et conservate in statu vocationis (cfr. 1Cor 7,20) eorum, et ad plana reducite vel invitos. 
11 Precor itaque, pater, ne superbiores quo pauperiores exsistant, et contra caeteros insolescant, ad praelationem illos ascendere nullatenus permittatis”. 
12 Haec beatorum responsa.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 148

Capítulo 109 - Sobre a sua humildade diante de São Domingos e, por outro lado, sobre a mútua caridade dos dois.

148 
1 Encontraram-se em Roma com o senhor de Óstia, que depois foi Sumo Pontífice, os preclaros luminares do mundo: São Domingos e São Francisco. 
2 Depois de terem conversado coisas muito agradáveis a respeito de Deus, disse-lhes o bispo: “Na Igreja primitiva os pastores da Igreja eram homens pobres e transbordavam de caridade, não de cobiça. 
3 Por que não fazemos bispos e prelados os vossos frades que se destacam entre os outros pela doutrina e pelo exemplo?” 
4 Surgiu então entre os dois santos uma porfia, não para ver quem respondia primeiro, mas porque um cedia ao outro a honra e assim queria obrigá-lo a responder antes. 
5 Na realidade, superavam-se numa competição de mútua veneração. 
6 Por fim a humildade venceu Francisco, para que não se oferecesse, e também venceu Domingos para que, respondendo primeiro, obedecesse humildemente. 
7 Disse pois o bem-aventurado Domingos ao bispo: “Senhor, meus frades já foram promovidos a um bom grau, se o souberem reconhecer, e, se depender de mim, não permitirei que assumam outro tipo de dignidade”. 
8 Depois que ele fez esse breve discurso, São Francisco se inclinou diante do bispo e disse: “Senhor, meus frades têm o nome de menores para não presumirem ser maiores c. 
9 Sua vocação ensina-os a ficar embaixo, seguindo os vestígios de Cristo, e dessa maneira, na glorificação dos santos, serão mais exaltados que os outros. 
10 Se queres que produzam fruto na Igreja de Deus, conservai-os no estado de sua vocação. Reduzi-os ao chão, mesmo contra sua vontade. 
11 Por isso, pai, eu vos suplico: para que não sejam tanto mais soberbos quanto mais pobres, nem insolentes com os outros, de maneira alguma permitais que sejam promovidos a prelaturas”. 
12 Foi essa a resposta dos bem-aventurados.