TEXTO ORIGINAL
Caput XXIV - De claritate sancti e ignorantia nostra.
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1 Extraneum videri nemini debet, si propheta nostri temporis talibus privilegiis enitebat; nimirum terrenarum caligine rerum solutus, carnisque voluptati non subditus, liber volabat intellectus ad summa, purus ingrediebatur in lucem.
2 Sic lucis aeternae (cfr. Sap 7,26) irradiatus fulgoribus a Verbo trahebat quod resonabat in verbis.
3 Heu! quantum hodie dissimiles sumus, qui tenebris involuti (cfr. Iob 37,19), etiam necessaria ignoramus!
4 Qua credis ex causa, nisi quia carnis amici ipsi quoque inserimur pulveri mundanorum?
5 Nempe si corda nostra cum manibus levaremus in caelum (cfr. Lam 3,41), si eligeremus suspendium in aeterna, sciremus forsitan quae nescimus: Deum et nos.
6 In caeno versantem caenum videre necesse est; caelo oculum inhaerentem impossibile est caelestia non videre.
TEXTO TRADUZIDO
Capítulo 24 - Sobre a clareza do santo e a nossa ignorância.
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1 Ninguém deve estranhar que o profeta de nosso tempo gozasse de tais privilégios. Pois livre da escuridão das coisas terrenas, não submisso aos desejos da carne, sua inteligência voava livre para as alturas mais sublimes e penetrava na luz com pureza.
2 Iluminado pelos resplendores da luz eterna a, tirava da Palavra eterna o que ressoava em suas palavras.
3 Ai, como somos diferentes hoje! Envolvidos nas trevas, ignoramos até o necessário!
4 Por que motivo, crês, a não ser porque somos amigos da cerne e nos metemos no pó dos mundanos?
5 Se elevássemos nossos corações para os céus junto com as mãos, se escolhêssemos suspender-nos nas coisas eternas, provavelmente ficaríamos sabendo o que ignoramos: Deus e nós mesmos.
6 Quem se revira na lama tem que ver lama; quem puser os olhos no céu não poderá deixar de ver as coisas celestiais.