Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 140

De humilitate.

Caput CII - Humilitas sancti Francisci in habitu, sensu et moribus, et contra proprium sensum.

140 
1 Omnium virtutum custos et decor humilitas. 
2 Hac non substracta fabricae spirituali, cum crescere videtur proficit in ruinam. 
3 Haec, ne quid viro tot donis ornato deesset, copiosiore eum ubertate repleverat (cfr. Ps 64,12). 
4 In propria quidem reputatione nihil erat nisi peccator, cum decor esset et splendor omnimodae sanctitatis. 
5 In hac studuit aedificare se ipsum, ut fundamentum iaceret (cfr. Heb 6,1) quod a Christo didicerat. 
6 Eorum quae lucratus fuerat (cfr. Mat 25,16.17) oblitus, solos ante oculos ponebat (cfr. Ps 100,3) defectus, plus sibi deesse quam adesse considerans. 
7 Sola in eo cupiditas viguit ut melior fieret, ut primis non contentus, novas virtutes adiceret. 
8 Humilis habitu, humilior sensu, humillimus reputatu. 
9 Non discernebat Dei princeps (cfr. Gen 23,6) quod praelatus esset, nisi hac clarissima gemma, quia inter minores minimus aderat. 
10 Haec virtus, hic titulus, hoc insigne generalem indicabat esse ministrum. 
11 Aberat ab eius ore omnis altitudo, pompa omnis a gestibus, ab actibus omnis fastus. 
12 Sensum in multis ex revelatione didicerat (cfr. Sir 16,24; Sap 9,18), quae tamen in medio conferens, aliorum anteponebat sensus. 
13 Sociorum consilium tutius esse credebat, et alienus visus melior proprio videbatur. 
14 Non omnia pro Domino reliquisse (cfr. Mat 19,27) dicebat eum, qui sensus proprii loculos retineret. 
15 Malebat de se vituperium audire (cfr. Ps 30,14) quam laudem, cum hoc ad se emendandum cogeret, illa impelleret ad cadendum.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 140

Sobre a humildade.

Capítulo 102 - Humildade de São Francisco no comportamento, no porte e nos costumes, e contra a própria opinião.

140 
1 A humildade é garantia e honra de todas as virtudes. 
2 O edifício espiritual que não a tem por base caminha para a ruína mesmo quando parece estar crescendo. 
3 Como não podia faltar a um homem ornado de tantos dons, a humildade tinha-o cumulado com a maior fecundidade. 
4 A seu entender, não passava de um pecador, embora fosse um deslumbrante exemplar de toda espécie de santidade. 
5 Tratou sempre de edificar a si mesmo sobre a humildade, colocando o fundamento que tinha aprendido de Cristo. 
6 Esquecido do que já lucrara c, só punha diante dos olhos os próprios defeitos, olhando mais o que faltava do que o que possuía. 
7 Seu único desejo era ser melhor e conquistar novas virtudes sem se contentar com as que já tinha. 
8 Era humilde de presença, mais humilde de sentimento e muito mais humilde no conceito que fazia de si mesmo. 
9 Príncipe de Deus, não levava em conta que era um prelado, mas apenas essa preciosa jóia: conseguira ser o mínimo entre os menores. 
10 Essa era a virtude, esse era o título, esse era o único sinal que indicava ser ele o ministro geral. 
11 Tinha afastado de sua boca toda grandiosidade, e também toda pompa de seus gestos e todo fausto de suas ações. 
12 Por revelação aprendera o sentido de muitas coisas, mas, diante dos outros, deixava que prevalecesse a opinião deles. 
13 Achava que as idéias de seus companheiros eram mais seguras e que a opinião dos outros era melhor que a dele. 
14 Dizia que não tinha deixado tudo por amor de Deus aquele que ainda segurava a bolsa de seu próprio modo de pensar. 
15 Preferia ouvir um vitupério a um elogio, porque a crítica o levaria a emendar-se, e o elogio, a tropeçar.